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Aliados culpam política de refugiados de Merkel por derrota

5 de setembro de 2016

Políticos conservadores chamam o pior resultado nas urnas já obtido pela CDU em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental de "catástrofe" e "derrota amarga" e pedem mudanças na política para refugiados do governo federal alemão.

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Foto: Getty Images/AFP/J. Eisele

Políticos da base aliada da chanceler federal alemã, Angela Merkel, culparam a política de portas abertas aos refugiados pelo pior resultado do partido União Democrata Cristã (CDU) na eleição no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental neste domingo (04/09).

A CDU, partido de Merkel, obteve 19% dos votos e ficou em terceiro lugar na corrida para o Parlamento estadual, atrás do Partido Social-Democrata (SDP), com 30,6%, e do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 20,8%. O resultado é ainda mais doloroso para a CDU porque Merkel tem sua base eleitoral em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

O secretário das Finanças da Baviera, Markus Söder (União Social Cristã, ou CSU), que é aliado de Merkel, disse que receber menos de um quinto dos votos deve servir para que a chanceler "acorde" e endureça sua política de refugiados. "Não é mais possível ignorar a opinião das pessoas", afirmou em entrevista ao jornal Nürnberger Nachrichten. "Berlim precisa rever sua estratégia."

Insatisfação influenciou resultado

O candidato da CDU ao governo de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Lorenz Caffier, considerou que a política feita pelo partido em nível nacional influenciou o resultado. "A insegurança das pessoas não foi suficientemente levada a sério em Berlim", afirmou. O deputado Michael Grosse-Brömer, também da CDU, disse que a insatisfação com a política da grande coalizão teve um papel decisivo no resultado da eleição estadual.

O secretário-geral da CSU, Andreas Scheuer, disse ao jornal Tagesspiegel que o governo em Berlim terá de tomar decisões mais duras depois do resultado. "Precisamos de um limite no número de refugiados, acelerar os processos de repatriação, expandir a lista de países de origem considerados seguros e uma melhor integração", afirmou.

Scheuer também alertou que é preciso estancar a estratégia da AfD de crescer às custas das críticas à política de refugiados de Merkel. O partido já garantiu presença no legislativo de nove dos 16 estados alemães. "Não podemos simplesmente ficar assistindo a um partido lucrar com as deficiências do governo federal em Berlim", declarou aos jornais do grupo de mídia Funke.

O porta-voz para segurança dos conservadores no Parlamento, Stephan Mayer, disse que o resultado é uma "catástrofe". Já o secretário-geral da CDU, Peter Tauber, disse que se trata de uma "derrota amarga" e que o tema decisivo na eleição foi a política para refugiados do governo federal.

Derrota pessoal para Merkel

Apesar de sair vencedor das urnas e poder continuar no governo, o SPD perdeu 5 pontos percentuais em relação à eleição anterior. Para o vice-presidente do partido, Ralf Stegner, o resultado representa uma derrota pessoal para a chanceler.

Todos os grandes partidos pioraram seus resultados em relação à eleição anterior. A CDU recuou 4 pontos percentuais. O partido de oposição A Esquerda perdeu 5,2 pontos percentuais e chegou a 13,2%. O Partido Verde ficou de fora do legislativo, com apenas 4,8% dos votos, portanto abaixo do mínimo de 5% exigido pela legislação. O recuo dos verdes foi de 3,9 pontos percentuais.

Apesar de perder assentos no Parlamento, o resultado eleitoral credencia A Esquerda a uma possível coalizão com o SPD, já que os dois partidos, somados, teriam mais da metade do Parlamento. O mais provável, porém, é que o SPD mantenha a atual coalizão com a CDU.

KG/dpa/efe