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América do Sul amplia medidas contra o coronavírus

16 de março de 2020

Argentina fecha fronteiras por pelo menos 15 dias. Bolívia, Colômbia e Uruguai proíbem a entrada de pessoas vindas da Europa e de outras zonas de risco. Venezuela declara "quarentena social coletiva".

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Mulher de máscara diante de painel eletrônico
Argentina anunciou fechamento das fronteiras até 15 de marçoFoto: picture-alliance/AP/M. Brindicci

A Argentina fechará as fronteiras do país, inclusive com o Brasil, por pelo menos 15 dias para evitar a propagação do coronavírus Sars-Cov-2. A medida foi anunciada pelo presidente argentino, Alberto Fernández, na noite deste domingo (15/03), após o número de pessoas infectadas no país aumentar de 45 para 56, das quais duas morreram.

"Fechamos as fronteiras da Argentina porque o coronavírus está começando a afetar os países limítrofes e porque pelas fronteiras terrestres chegam turistas que vêm de zonas de risco", explicou o presidente em entrevista coletiva em Buenos Aires, após realizar uma reunião com membros do governo e especialistas em saúde.

Na sexta-feira, Fernández havia anunciado a suspensão por 30 dias da chegada de voos de países europeus, dos Estados Unidos, da China, da Coreia do Sul, do Japão e do Irã.

Outra decisão anunciada pelo presidente argentino foi a suspensão das aulas de todo o sistema educacional até 31 de março. Fernández esclareceu, porém, que as escolas públicas permanecerão abertas para atender outras obrigações, como a de oferecer comida aos alunos, já que nas áreas mais pobres do país muitas crianças têm sua única refeição garantida na escola. 

Shows e eventos esportivos também estão suspensos, e shoppings e parques nacionais também foram fechados. O presidente argentino informou que jogos de futebol podem continuar ocorrendo sem público, como aconteceu no fim de semana, e pediu que, neste momento, eles sejam transmitidos gratuitamente na televisão aberta.

Além disso, serão concedidas licenças para todas as pessoas com mais de 65 anos, faixa etária mais afetada pelo coronavírus. "Vamos pedir que eles fiquem em suas casas", disse.

De acordo com o presidente do Paraguai, Mario Abdo, que atualmente também é presidente do Mercosul, o bloco regional fechará parcialmente suas fronteiras.

"Na segunda-feira, faremos uma resolução conjunta entre todos os países da região em uma teleconferência", relatou Abdo. "Uma das propostas é o fechamento parcial da fronteira para as pessoas, e não para as mercadorias", acrescentou. Além do Paraguai, fazem parte do bloco Brasil, Argentina e Uruguai.

Até o fim de semana, o Paraguai havia reportado sete casos de covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus. Há uma semana, o governo de Abdo suspendeu as aulas e qualquer evento ou espetáculo que reúna mais de dez pessoas.

"A polícia estará autorizada a ser inflexível para evitar multidões e, em caso de necessidade, pode realizar prisões", disse o ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo.

A Bolívia, que também faz fronteira com o Brasil, anunciou neste domingo que a partir de quarta-feira ficará proibida a entrada no país de pessoas vindas do Espaço Schengen, Reino Unido, Irlanda e Irã. A proibição não inclui cidadãos bolivianos. O país registra 11 casos da doença.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou neste domingo "quarentena social coletiva" em sete estados do país, medida que entra em vigor nesta segunda-feira.

"A quarentena social coletiva será nas áreas onde a maior incidência desse vírus importado foi detectada e nas áreas onde os casos de quarentena são distribuídos: Caracas, La Guaira, Miranda, Zulia, Táchira, Apure e Cojedes", disse Maduro em anúncio transmitido na rádio e na televisão. A Venezuela registrava neste domingo 17 casos de covid-19.

"Estamos indo para uma situação que nunca experimentamos. Não são férias coletivas, é uma quarentena que merece grande disciplina social. Você não deve sair de casa a não ser para cumprir necessidades essenciais", ele especificou.

A Colômbia proibiu o acesso de estrangeiros ao seu território a partir desta segunda-feira. O anúncio foi feito pelo presidente Iván Duque neste domingo. O país tem pelo menos 45 infectados pelo coronavírus.

"Gostaria de informar ao país: a partir de 16 de março, estrangeiros e não residentes na Colômbia estão impedidos de entrar no país", escreveu o presidente no Twitter.

Cidadãos colombianos e estrangeiros que vivem na Colômbia estão autorizados a regressar, mas precisam cumprir isolamento preventivo obrigatório de 14 dias em casa. A restrição não afeta as missões diplomáticas, disse a ministra dos Transportes, Ángela Orozco, em entrevista coletiva.

A medida amplia a adotada na sexta-feira, quando o presidente ordenou o fechamento da fronteira com a Venezuela e proibiu a entrada de viajantes estrangeiros de ou que estiveram na Europa e na Ásia.

Posteriormente, o presidente anunciou a suspensão indefinida das aulas presenciais em escolas públicas, além de ordenar que as férias em entidades educacionais privadas e estaduais sejam adiantadas.

O governo do Uruguai anunciou neste domingo novas medidas para combater o coronavírus, entre as quais, a suspensão de voos da Europa e dos Estados Unidos a partir da meia-noite de sexta-feira. O Uruguai tem oito casos de covid-19. A suspensão é por tempo indefinido e não afeta cidadãos e residentes legais.

"Queremos dar aos compatriotas a oportunidade de retornar ao país, mas os voos serão suspensos", afirmou o presidente, Luis Lacalle Pou.

O presidente também anunciou o cancelamento de aulas em todos os níveis educacionais, mas disse que, da mesma forma que na Argentina, alguns centros permanecerão abertos para garantir a alimentação das crianças que precisam.

No Chile, o presidente Sebastián Piñera informou nesta segunda-feira que fechará as fronteiras para impedir a propagação da doença. O número de pessoas afetadas no país dobrou em apenas 24 horas e passou de 75 para 155 casos, a grande maioria na capital, Santiago.

A decisão atinge todos os estrangeiros que pretendem entrar no país, seja por terra, ar ou mar, exceto residentes, que deverão passar por uma quarentena obrigatória de 14 dias.

Outras medidas adotadas pelo governo foram a suspensão das aulas por duas semanas e a possibilidade de funcionários públicos com mais de 70 anos ou pertencentes a grupos de risco trabalharem de casa.

Quanto às reuniões públicas, apesar da livre circulação de cidadãos ainda não ter sido restringida, Piñera anunciou que eventos envolvendo mais de 50 pessoas estão proibidos.

No Brasil, já há 200 casos de covid-19 confirmados, informou o Ministério da Saúde na noite deste domingo. De acordo com levantamento diário feito pela pasta, 1.917 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal são monitoradas por suspeitas de estarem infectadas. Nenhuma morte foi registrada.

Nas cidades de São Paulo e do Rio, já há casos de transmissão comunitária, ou seja, quando pessoas contraem o vírus sem ter viajado a zonas de risco ou ter vínculo com outro caso confirmado. Proibições em nível nacional ainda não foram anunciadas no Brasil, mas alguns estados já suspendaram aulas e eventos.

Na contramão de chefes de Estado dos países vizinhos, o presidente Jair Bolsonaro estimulou neste domingo atos em apoio ao seu governo. Ele compartilhou diversos vídeos e fotos das manifestações pelo país, em capitais como Belém, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro e Maceió, além de cidades do interior.

O presidente participou de uma manifestação, em Brasília. Sem máscara, Bolsonaro conversou, cumprimentou com toque e apertos de mão e tirou fotos com simpatizantes por pouco mais de uma hora. Na semana passada, o presidente realizou exames para detectar a presença do coronavírus, já que membros de sua equipe foram contaminados. Na sexta-feira, ele divulgou que seus exames haviam dado negativo para o coronavírus.

LE/efe/afp
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