Fraco 2012
20 de dezembro de 2011É uma imagem estranha a que a Alemanha tem passado ao mundo no momento. O país apresenta um crescimento de 3% este ano, uma das taxas mais baixas de desemprego da história, enquanto as exportações ultrapassam pela primeira vez a marca de um trilhão de euros. Por outro lado, os alemães estão mais confusos do que nunca, por conta da crise do euro e preocupações com a inflação. E o que as pessoas fazem quando temem pelo valor de seu dinheiro ou quando sequer sabem se sua moeda ainda sobreviverá ao ano de 2012?
Elas gastam o dinheiro. O crescimento do consumo privado contribuiu para a metade do crescimento detectado neste ano. Entretanto, o medo não é o único motivo desse aumento do consumo.
"Tivemos um crescimento muito robusto no mercado de trabalho e também deveremos ter no próximo ano um crescimento de renda relativamente robusto", afirma Roland Döhrn, economista do instituto alemão de pesquisa econômica RWI, de Essen. Ele calcula que em 2012 a Alemanha terá uma taxa de crescimento de 0,6%, principalmente devido ao consumo privado. A previsão está entre as mais otimistas entre as divulgadas por instituições diferentes nos últimos dias.
Crescimento limitado
O instituto DB Research prevê, por outro lado, não mais do que um congelamento de salários. Segundo essa instituição de análises econômicas ligada ao Deutsche Bank, a atual tendência positiva no mercado de trabalho alemão não vai continuar por muito tempo e logo virá o desaquecimento. "Porque a expectativa já não é como em 2008 e 2009, quando se pensava que havia uma crise passageira, e nós rapidamente sairíamos dela. Dessa vez, temos uma crise estrutural de ajuste na zona do euro", explica o analista Stefan Schneider, do DB Research.
Alguns países da zona do euro viveram muito acima de suas possibilidades por muito tempo. Com o socorro aos bancos, muitos Estados sólidos caem também na espiral da dívida. Como resultado, agora quase todos, dentro e fora da zona do euro, implementam programas de austeridade. "Se um país está consolidado financeiramente, pode equilibrar o efeito negativo sobre o crescimento por meio de uma política cambial e de juros”, opina Schneider. “O problema é quando todos os países começam a apertar os cintos ao mesmo tempo”, diz.
Zona do euro terá recessão
Portanto, não é de se estranhar que Stefan Schneider preveja para a zona do euro uma leve recessão. Na sua avaliação, em 2012, a economia da zona do euro deverá encolher 0,5%. Enquanto a economia dos EUA, segundo ele, deverá apresentar um crescimento de mais de 2%.
Em comparação com os ciclos econômicos anteriores, a maior economia do mundo teve um crescimento menos dinâmico. "Quando um país está em crise por causa de grandes problemas no setor imobiliário e bancário, então a experiência tem nos mostrado que temos aí uma crise que dura muito tempo", justifica Roland Döhrn.
Emergentes não são imunes
Isso é uma sorte para a Alemanha, que não apresentou uma bolha imobiliária como nos EUA, Espanha ou Irlanda. O colapso de 2009 foi desencadeado por uma queda profunda do comércio mundial. Mas a grande demanda, especialmente dos países emergentes, compensou as perdas.
No entanto, mesmo os chamados mercados emergentes não estão imunes à desaceleração econômica mundial. Sobretudo devido à dependência dos países industrializados. É para eles que a China exporta 70% de seus produtos.
No entanto, a maioria dos especialistas espera para a China um crescimento entre 8% e 9%. Graças à elevada taxa de crescimento asiática, o DB Research prevê um crescimento global de 3,5%.
Todas as previsões dependem da saída da crise do euro. Se a zona do euro entrar em colapso, todas as previsões vão para o lixo. “Embora essa seja uma das possibilidades menos prováveis, ela teria uma grande influência sobre o todo”, diz o economista Roland Döhrn. “Mas, para sermos sinceros, não dá mesmo para prever que isso ocorrerá.”
Autor: Zhang Danhong (md)
Revisão: Carlos Albuquerque