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Annalena Baerbock, a candidata verde à chefia de governo

19 de abril de 2021

Parlamentar, especialista em direito internacional e em clima, ex-atleta profissional e mãe: perfil da copresidente do Partido Verde alemão é rico em facetas. Agora ela tem chances de se tornar a nova chanceler federal.

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Copresidente do Partido Verde alemão Annalena Baerbock
Copresidente Annalena Baerbock concorrerá ao cargo de chanceler federal pelo Partido VerdeFoto: dpa/picture alliance

Naquela convenção partidária em Hanover, no começo de 2018, Annalena Baerbock logo eliminou qualquer dúvida quanto a quem os verdes alemães deveriam eleger como chefe de partido: de jaqueta de couro preto, a deputada federal de Brandemburgo subiu ao palco e fez um apaixonado discurso de candidatura.

Uma frase sua foi citada muitas vezes, nos dias e semanas seguintes: "Não estamos escolhendo hoje a mulher ao lado de Robert [Habeck copresidente verde], estamos escolhendo a nova chefe de bancada no parlamento federal", anunciou, sob aplauso ensurdecedor dos delegados. No fim, ela foi eleita por clara maioria.

Baerbock manteve a promessa: de início menos conhecida do que Habeck, rapidamente estabeleceu perfil próprio, como especialista em clima da bancada, experiente encarregada de política externa, corajosa adversária do populismo e da xenofobia.

Quando, quase dois anos mais tarde, em novembro de 2019, o bem-sucedido duo foi confirmado na convenção de Bielefeld, Baerbock conquistou nada menos do que 97% dos votos. Habeck, o "homem ao seu lado", ficou com 90%.

Essa é a imagem que a líder verde, hoje com 40 anos, formou de si: determinada, corajosa, ambiciosa, autoconfiante. Numa entrevista conjunta à revista Der Spiegel, em março, declarou que, caso Habeck acabasse sendo escolhido em vez dela como candidato à Chancelaria Federal, isso representaria para ela "uma pequena pontada no coração": apesar de toda a harmonia na presidência dos verdes, "quando se tem ambição, naturalmente se quer mostrar: 'Sou capaz'".

Trajetória de atleta

Ambiciosa, Annalena Baerbock sempre foi. Nascida em 1980 em Pattensen, no sul da Baixa Saxônia, na adolescência, ela foi atleta profissional, obtendo um terceiro lugar no campeonato alemão de salto de trampolim. Aos 16 anos, passou um ano nos Estados Unidos.

Mais tarde estudou em Hannover direito público, entre outras disciplinas, para em seguida formar-se em direito internacional na conceituada Escola de Economia e Ciência Política de Londres (LSE). É ainda capaz de dar entrevistas em inglês fluente – uma capacidade que, mesmo em 2021, não é óbvia entre os políticos alemães.

Durante sua presidência, o Partido Verde tem obtido bons resultados nas pesquisas de opinião em toda a Alemanha, em torno de 20%, além de vitórias eleitorais no Parlamento Europeu e nas câmaras estaduais. Menos sólido é o seu posicionamento nos estados do Leste alemão. Mas também aí Baerbock está bem posicionada, pois vive com o marido e dois filhos em Potsdam, não muito distante de Berlim.

Políticos verdes alemães Robert Habeck e Annalena Baerbock
Baerbock, de "mulher ao lado" de Robert Habeck (esq.) a figura central do Partido VerdeFoto: Reuters/L. Kuegeler

Aberta para cooperar com conservadores

Assim como Habeck, Baerbock não teme a aproximação aos políticos conservadores. Desde que ambos ocupam a liderança verde, se tem repetidamente especulado sobre uma coalizão governamental do partido com a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU), após as eleições gerais de 2021.

No entanto, a chefe de partido faz questão de defender seu próprio programa verde. Ela é a favor de que o país abandone a energia de carvão mineral bem antes de 2038, como pretende o atual governo formado pela CDU-CSU e o Partido Social-Democrata (SPD); quer limitar a velocidade nas autobahns a 130 quilômetros por hora; além de ser contra o aumento dos gastos de defesa da Alemanha, como pressionam veementemente tanto os EUA quanto os conservadores cristãos da Alemanha.

O fato de, em seu programa, os verdes exigirem medidas consideravelmente mais enérgicas pela proteção climática certamente se deve em grande parte à ação da especialista em clima Baerbock. Portanto há suficientes pontos potenciais de atrito com as eventuais parceiras de coalizão CDU-CSU.

Green Deal União Europeia-EUA

Falando à DW, em janeiro último, a líder verde expressou satisfação com o novo presidente americano, o democrata Joe Biden, e seu retorno ao Acordo do Clima de Paris. Ao mesmo tempo, contudo, formulou expectativas bem definidas e concretas.

"O papel, por si só, é paciente. Temos vivenciado isso nos últimos anos. Por esse motivo, esta situação deve ser aproveitada por nós, europeus, pelo governo federal alemão, para agora realmente implementar as propostas, feitas pela administração americana, de uma cooperação climaticamente neutra. Com propostas próprias, precisamos nos pôr a caminho de um Green Deal europeu-transatlântico."

Em seu programa eleitoral, os verdes não visaram principalmente alianças com os social-democratas, como tem basicamente acontecido, no passado. Segundo as pesquisas, do ponto de vista matemático só seria mesmo possível uma coalizão com A Esquerda e o SPD, na melhor das hipóteses.

Seja como for, nas eleições gerais de 2021 se travará um duelo eletrizante em Potsdam, cidade de residência de Annalena Baerbock: enquanto ela é a candidata verde na capital do estado de Brandemburgo, quem concorre pelo SPD é o vice-chanceler federal e ministro das Finanças Olaf Scholz – o candidato dos social-democratas à chefia do governo federal alemão.