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Retrospectiva

Cristoph Hasselbach (ca)20 de dezembro de 2008

O esforço para ratificação do tratado constitucional, a luta pela proteção climática, o conflito da Geórgia e a crise financeira: ano de 2008 foi pleno de acontecimentos, mas reforma do Tratado da UE continua emperrada.

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Presidência temporária de Nicolas Sarkozy marcou UEFoto: picture-alliance / dpa

No primeiro semestre de 2008, ninguém esperava que a discreta presidência temporária do Conselho da UE pela Eslovênia terminasse com um estrondo: em plebiscito, os irlandeses rejeitaram o Tratado de Lisboa, acordo que regulamentaria uma reforma interna da União Européia. Isso foi um choque para todo o bloco.

O presidente rotativo seguinte, o chefe de Estado francês Nicolas Sarkozy, priorizou, de início, outros projetos. Ele lançou a União para o Mediterrâneo e se apresentou como defensor apaixonado da proteção climática.

"Nós somos a última geração que pode evitar a catástrofe, a última. Se agora nada fizermos, as gerações subseqüentes poderão limitar os danos, mas não mais evitá-los", afirmou Sarkozy.

Crise financeira e econômica

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UE conseguiu negociar paz na GeórgiaFoto: AP

No entanto, a presidência temporária francesa do bloco mal havia começado quando, em agosto último, estourou no Cáucaso a guerra entre a Geórgia e a Rússia. Tropas russas ocuparam as províncias separatistas da Geórgia. Na ocasião, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, declarou: "Está claro que, à luz dos novos acontecimentos, não podemos continuar a agir como se nada tivesse acontecido".

Em conseqüência, as negociações sobre o tratado de parceria estratégia entre a Rússia e a UE foram então canceladas. Ao mesmo tempo, o presidente Sarkozy conseguiu negociar um cessar-fogo entre a Rússia e a Geórgia.

Mas, quando essa crise já estava quase resolvida, uma nova catástrofe atingiu a Europa e o resto do mundo: partido dos EUA, a crise financeira passou a ameaçar inicialmente alguns bancos, depois economias nacionais inteiras e, finalmente, também a economia real.

Após tentativas iniciais isoladas de combate à crise, os governos europeus reconheceram que teriam de agir conjuntamente, tanto nos pacotes de salvação de bancos como nas medidas de apoio conjuntural. Durante semanas, o outono europeu foi marcado pelo tema da crise financeira e econômica.

Combate à pirataria e às mudanças climáticas

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Crise financeira foi tema do outono europeuFoto: AP

Mas lentamente outras questões ganharam maior importância. Para combater a pirataria crescente na costa nordeste da África, a União Européia iniciou sua primeira missão naval. Pouco antes do início da missão, o chefe da diplomacia do bloco, Javier Solana, declarou: "Esta será uma operação bastante sólida com condições robustas de atuação. Seu objetivo é intimidar, impedir, proteger, sobretudo proteger as medidas de ajuda das Nações Unidas".

A proteção climática também voltou a ser um grande tema. No encontro de cúpula da UE, em dezembro, os chefes de Estado e governo do grêmio aprovaram o esperado pacote de medidas de proteção climática. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, mostrou-se satisfeita.

"Como alemães, é claro que isso nos deixa muito felizes, pois as bases deste pacote climático foram estabelecidas durante a presidência rotativa alemã. Essas bases serão agora complementadas com as diretivas a serem trabalhadas, e eu estou muito, muito feliz, com o nosso êxito e também porque encontramos a disposição de cooperação necessária para sua realização", afirmou Merkel.

Ativistas ambientais, no entanto, não compartilharam a mesma alegria de Merkel. O pacote de medidas de proteção climática da UE teria feito muitas concessões à indústria, afirmaram os defensores do meio-ambiente.

Transição difícil

Kanzlerin Angela Merkel in Brüssel EU-Gipfel
Pacote climático agradou a MerkelFoto: AP

Em troca de substanciais concessões por parte dos demais países-membros, a anuência do governo irlandês de empreender um novo plebiscito para ratificar o Tratado de Lisboa foi acolhida com grande alívio no encontro de cúpula de dezembro. No final da presidência rotativa, Nicolas Sarkozy esbanjava autoconfiança. "Acho que, hoje, ninguém pode contestar que se precisa de uma presidência enérgica do Conselho da UE, que uma liderança real é necessária", declarou Sarkozy.

Com certeza, a transição para a presidência temporária dos tchecos não será fácil. Pois, além da Irlanda, a República Tcheca é o único país-membro que ainda não ratificou o Tratado de Lisboa, e o presidente tcheco, Václav Klaus, não esconde sua rejeição ao documento.

Levando na esportiva, Alexandr Vondra, vice-primeiro-ministro da República Tcheca, afirmou que "Acho que o fato de ser outsider não é uma posição inicial ruim. Pois só se pode surpreender os demais de forma positiva".