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Ideia nem tão boa assim

Bernd Riegert (av)1 de março de 2009

Antecipando a cúpula da crise, Hungria apresentou à UE pedido de ajuda de até 190 bilhões de euros para sua região. Países do Oeste discordam da ideia, entre eles a Alemanha. Bernd Riegert escreve de Bruxelas.

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Ferenc Gyurcsany (e) e Mirek Topolanek em BruxelasFoto: AP

O medo da bancarrota estatal assombra algumas nações do Leste Europeu. Antes da cúpula extraordinária da União Europeia propriamente dita, cujo tema é crise financeira, os países-membros orientais em Bruxelas, sentaram-se juntos neste domingo (01/03) num encontro fora do comum.

O primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany, apresentou um documento segundo do qual seu país, a República Tcheca, Eslováquia, Polônia, Romênia e os Estados bálticos necessitariam de ajudas financeiras entre 160 e 190 bilhões de euros. Segundo especialistas, já nas próximas semanas alguns países da UE poderão estar inadimplentes. Em 2009 Budapeste já recebera créditos-ponte do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nada de privilégios especiais

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, reagiu com um claro "não" aos apelos. "Não aconselho a entrarmos aqui no debate munidos de números gigantescos", declarou. Seu homólogo tcheco, Mirek Topolanek, igualmente rejeitou a sugestão de um pacote especial de ajuda.

Segundo ele, não pode haver uma divisão em classes distintas. "Não creio que deva haver uma categoria especial para a Europa Oriental, nem que se separem agora determinados países. Defendo o ponto de vista segundo o qual a ajuda deve ser para todas as nações europeias." A República Tcheca ocupa desde 1º de janeiro a presidência rotativa da UE.

Também países do Oeste do continente cuja moeda nacional é o euro se encontram em dificuldades. A Irlanda, a Itália e a Grécia precisam pagar bem mais juros no financiamento da dívida pública do que a Alemanha, financeiramente bastante forte.

"Contra o protecionismo e o egoísmo"

O chefe de governo sueco, Frederik Reinfeldt, é igualmente contra programas especiais de ajuda para o Leste da Europa, pois a medida poderia sair cara para os membros mais sólidos do Oeste. Entretanto ele defende que se ajudem os bancos daquela região – tratam-se aqui sobretudo de subsidiárias de instituições austríacas. No geral, Reinfeldt disse considerar a situação preocupante.

Porém o premiê húngaro também quer reforço para os orçamentos públicos, a ser financiado pelo Banco Mundial, o FMI e a própria UE. Entretanto é pequena a esperança de que tal ocorra: no início da semana os ministros do Exterior da UE não conseguiram chegar a um acordo nem mesmo quanto a um modesto pacote conjuntural de 5 bilhões de euros.

O premiê polonês, Donald Tusk, tinha pouco tempo para repórteres após a minicúpula dos países do Leste Europeu. "Sentimos que há um espírito contra o protecionismo e o egoísmo. Penso que podemos e devemos estar otimistas." O chefe de governo da Áustria, Werner Feymann, advertiu que a União Europeia deve agir com solidariedade, e não pode se esfacelar em face à crise.

Alguns peritos em finanças sugerem que os 16 países cuja moeda é o euro emitam obrigações estatais em conjunto. Deste modo, países como a Irlanda ou a Grécia teriam acesso mais barato ao dinheiro. Outros economistas opinam que os mais fortes, como a Alemanha ou a Holanda, comprem obrigações diretamente das nações mais fracas.

Montadoras: setor-problema

O atrito em torno do protecionismo na indústria automobilística parece ter-se aplacado no momento. Segundo a Comissão Europeia a França riscou os trechos mais polêmicos de seu pacote de auxílio estatal para as montadoras nacionais. Praga criticara severamente o empenho do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para que se cortassem postos de trabalho nas subsidiárias tchecas de conglomerados franceses.

Frederik Reinfeldt antecipou que a longo prazo as capacidades da indústria automotiva – atualmente de 18 milhões de unidades por anos – deverão ser reduzidas em vários milhões de unidades.

"Não é aceitável empregarmos subsídios para nos privar mutuamente de postos de trabalho. Precisamos atacar o problema central, que é a capacidade excessiva das montadoras. Esta deve ser reduzida, na concorrência normal, em concordância com as regras de subsídios e tendo em vista veículos que poupem o clima", observou o premiê sueco em Bruxelas.

Na Suécia, as montadoras Saab e Volvo enfrentam as consequências da crise. Assim, é antes crítica a postura de Reinfeldt em relação a operações de salvamento para a alemã Opel, subsidiária da General Motors.