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Aplicativo de celular ajuda na organização de protestos em Hong Kong

Ciu Mu (msb)2 de outubro de 2014

Foram 110 mil downloads em apenas 24 horas. Nas mãos de manifestantes, FireChat, que funciona por Bluetooth, vira importante instrumento de comunicação em reas com fraco ou nenhum acesso à internet.

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Foto: Reuters/C. Barria

No último domingo (02/10), quando a onda de protestos pró-democracia tomou as ruas de Hong Kong, o líder estudantil Joshua Wong deixou uma recomendação em sua página no Facebook: instalem o aplicativo FireChat em seus celulares. Assim, segundo ele, ficaria mais fácil a comunicação no centro da cidade, mesmo sem acesso à internet ou cobertura de celular.

Mesmo não sendo um app de ponta – é baseado na tecnologia Bluetooth – o FireChat registrou 110 mil downloads em Hong Kong entre o meio-dia de domingo e a tarde de segunda-feira, segundo informou Christophe Daligault, diretor de marketing do Open Garden, empresa que desenvolveu o aplicativo.

A preocupação em usar um meio de comunicação que funcionasse na hora dos protestos tinha justificativa: havia rumores de que as autoridades policiais poderiam interferir no serviço de telefonia móvel no centro da cidade.

Mas Paul Wong, especialista em Tecnologia da Informação (TI), afirma não acreditar que a rede possa ser cortada, especialmente na área central de Hong Kong.

"A recepção entre os arranha-céus na área é ruim há muitos anos. Quando milhares de pessoas tentam usar seus smartphones ao mesmo tempo para bate-papo, as estações de base ficam sobrecarregadas rapidamente. E o FireChat permite com que um celular conecte diretamente com o outro, sem precisar de internet", diz o especialista

A tecnologia Bluetooth só permite a troca de dados entre telefones que estejam a uma curta distância um do outro – cerca de 10 metros. O que, neste caso, não era um problema.

Considerando que os manifestantes geralmente estão próximos uns dos outros, cada telefone usando um FireChat e Bluetooth funciona como uma estação retransmissora de dados. Quanto mais usuários com o aplicativo ligado, maior a cobertura e maior a habilidade de enviar e receber mensagens.

O sistema foi utilizado, por exemplo, para informar outros manifestantes onde é maior a necessidade de abrir os guarda-chuvas para se proteger dos sprays de pimenta da polícia.

Popular também em Taiwan

A empresa que desenvolveu o FireChat ressalta o fato de que o aplicativo foi usado em diferentes protestos na China ao longo do ano – como o movimento de estudantes batizado de "Girassol", em Taiwan. Segundo Micha Benoliel, fundador da Open Garden, a missão da empresa é permitir "a liberdade de expressão e de acesso à informação".

Na página da companhia no Facebook, o usuário encontra uma mensagem simpática – "esperamos que o FireChat possa te servir bem" – e um aviso de que as mensagens não são criptografadas.

"Os manifestantes podem, espontaneamente, criar um grupo no chat que outros usuários em volta podem aderir. Isso significa que a polícia pode facilmente descobrir o que eles estão planejando", alerta Paul Wong. "Tudo o que os policiais vão precisar é de um smartphone com FireChat", completa o especialista.