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Apoiadores de Navalny apelam para amor em protesto virtual

14 de fevereiro de 2021

Com a ameaça de prisão para manifestações não autorizadas, simpatizantes do crítico do Kremlin afirmam que #AmorÉMaisForteQueMedo no Dia de S. Valentim. Putin acusa Ocidente de "política de contenção" contra Rússia.

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Jovens segurando celulares como lanterna e fazendo gesto de coração
Manifestação pró-Alexei Navalny em VladivostokFoto: Yuri Maltsev/REUTERS

Após milhares de detenções nas passeatas a favor de Alexei Navalny, manifestantes de toda a Rússia adotaram uma nova tática de apoio virtual ao crítico do Kremlin neste domingo (14/02), Dia dos Namorados em diversos países: postar fotos na rede social com o hashtag #AmorÉMaisForteQueMedo em russo e inglês.

À luz de velas e das lanternas de seus telefones celulares, os simpatizantes realizaram minimanifestações de 15 minutos em quintais particulares. Os organizadores descreveram a iniciativa como reação a "inédita onda de violência e repressão" pelas forças de segurança desde o retorno de Navalny ao país.

O ativista foi detido em 17 de janeiro, logo ao chegar no aeroporto de Moscou, após cinco meses de tratamento e convalescença na Alemanha por uma tentativa de envenenamento com o agente dos nervos Novichok, pela qual acusa o Kremlin e o serviço secreto FSB. Após um processo classificado por muitos como basicamente político, foi sentenciado a três anos e meio de cárcere por infringir os termos de sua liberdade condicional.

Jovens com celulares e jogando beijos em rua escura
Protestos descentralizados são tática para evitar repressão policialFoto: Yuri Maltsev/REUTERS

#AmorÉMaisForteQueMedo

O governo russo declarou ilegais os protestos de massa, em princípio pacíficos, que se seguiram, reprimindo-os violentamente, tendo realizado cerca de 10 mil prisões, entre as quais da esposa do oposicionista de 44 anos, Yulia Navalnaya.

Na quinta-feira, os departamentos de segurança do país advertiram que participantes de passeatas não autorizadas poderão ser alvo de queixa-crime. A iniciativa deste domingo, descentralizada e sobretudo pacífica, visa dificultar qualquer ação policial.

A Fundação Anticorrupção, criada por Navalny, retuitou as mensagens contendo #LoveIsStrongerThanFear, em inglês ou em russo. Na tarde deste domingo (horário de Moscou), o hashtag era o quarto mais postado no Twitter russo.

Diferente do Brasil, em que é comemorado em 12 de junho, o 14 de fevereiro, dia de São Valentim, é Dia dos Namorados em diversas partes do mundo. Um aliado próximo de Navalny, Leonid Volkov, atualmente residente na Lituânia, encorajou os apoiadores a compartilharem as histórias de suas manifestações à luz de celulares.

A equipe de Navalny retuitou a foto de uma ação paralela em Moscou, de apoio a Yulia Navalnaya e a presas políticas, em que mulheres levando rosas e balões em forma de coração fizeram uma corrente humana numa rua de pedestres da capital Moscou.

Putin: sucesso da Rússia "irrita" adversários internacionais

Falando ao canal público de TV Rossiya 24, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os países ocidentais de aproveitarem Navalny como parte de uma "política de contenção" da Rússia: "Os nossos opositores ou os nossos potenciais adversários [...] confiaram sempre em gente ambiciosa e sedenta de poder, sempre as usaram", disse em entrevista realizada na quarta-feira, mas só divulgada neste domingo.

Referindo-se às recentes protestos após o regresso e posterior prisão do ativista, Putin afirmou que eles também foram alimentados a partir do exterior, no contexto da pandemia do novo coronavírus: "Utilizam essa personagem justamente agora, num momento em que todos os países do mundo, inclusive o nosso, vivem num contexto de esgotamento, frustração e insatisfação", devido às "condições em que vivem e à diminuição da renda".

Reagindo à violenta repressão aos protestos pró-Navalny, a União Europeia, cujas relações com Moscovo já estão bastante, indicou recentemente que considera aplicar novas sanções a Moscou.

Na versão de Putin, "os inúmeros sucessos" da Rússia, no plano militar, mas também na gestão da pandemia de covid-19, aliada ainda à autorização da vacina Sputnik V, "estão começando a irritar" os adversários de Moscou: "Quanto mais fortes nos tornamos, mais forte é a política de contenção."

av (Reuters,Lusa,DPA)