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Após matar 80 na Guiné, surto de ebola atinge países vizinhos

1 de abril de 2014

República do oeste africano luta contra tipo mais perigoso do vírus, que tem taxa de mortalidade próxima a 90% entre infectados. Enquanto casos da doença aparecem também em Serra Leoa e Libéria, Senegal fecha fronteira.

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Foto: picture alliance/AP Photo

A República da Guiné enfrenta um sério surto do vírus ebola, que até esta terça-feira (01/04) havia deixado pelo menos 80 mortos e que, por sua distribuição pelo país, foi qualificado como sem precedentes pela ONG Médicos sem Fronteiras (MSF).

O surto se iniciou no sudoeste da Guiné, e só seis semanas depois as autoridades responsáveis identificaram a doença, permitindo que o vírus se espalhasse além das fronteiras e em áreas mais populosas. Há mais de 120 possíveis infectados no país e pelo menos cinco mortes foram confirmadas nas vizinhas Libéria e Serra Leoa.

"Qualquer surto de ebola é de grande preocupação, mas precisamos ser mais prudentes. Por enquanto, o que vemos são casos esporádicos, não podemos falar de epidemia", disse em entrevista coletiva Gregory Hartl, porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo a OMS, mais de 400 pessoas tiveram contato com o vírus na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria. A organização deixou claro que o caso é preocupante, mas lembrou que o ritmo de propagação da doença não é extraordinário – houve casos no passado em Uganda e na República Democrática do Congo muito mais sérios.

"Eu e meu governo estamos muito preocupados", afirmou o presidente da Guiné, Alpha Conde. Ele declarou situação de emergência no país e criticou o vizinho Senegal por "causar pânico" ao fechar sua fronteira aos guineenses.

Ebola in Guinea MSF Mitarbeiter in Schutzanzügen
Voluntários dos Médicos sem Fronteiras na GuinéFoto: MSF

Representantes dos Médicos Sem Fronteiras estiveram em praticamente todos os locais de surtos do ano passado na Guiné, mas na ocasião a doença estava concentrada em áreas remotas do país. “Esta distribuição geográfica é preocupante, pois complica muito a tarefa das organizações que trabalham para controlar a epidemia”, disse Mariano Lugli, coordenador do MSF na capital Conacri.

O Ebola é um dos vírus mais contagiosos do mundo. Ele não pode ser prevenido com vacina e tratado com medicação. Segundo a OMS, a cepa do Ebola presente na Guiné é a do tipo Zaire, que tem um índice de mortalidade próximo a 90% entre os infectados.

O vírus é transmitido pelo sangue e outros fluidos corporais. Infectados sofrem de diarreia, dores musculares e febre alta. Em casos extremos, hemorragia interna e falência dos órgãos.

RCC/rtr/dpa/ap/afp