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Ariel Sharon: de camponês a soldado, de guerreiro a pacifista

Peter Philip (ca)5 de janeiro de 2006

O premiê israelense é, ao mesmo tempo, um dos mais carismáticos e mais controversos políticos israelenses.

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O premiê Sharon diante das Nações Unidas, em setembro de 2005Foto: dpa

Nascido em 27 de fevereiro de 1928 sob o nome de Ariel Sheinerman na vila de Kfar Malal, próximo a Tel Aviv, o filho de emigrantes judeus de Tbilisi, hoje capital da República da Geórgia, sempre incorporou, na sua longa carreira, o tipo do "novo israelita": altivo, teimoso, infalível.

A sua carreira de oficial do Exército israelense se definiu quando Sharon, aos 14 anos de idade, entrou em uma organização juvenil paramilitar. Uma carreira nem sempre marcada pela simpatia dos superiores, já que Sharon sempre preferiu atuar da forma que acha correta a obedecer a ordens.

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O então ministro Moshe Dayan com o general Ariel Sharon (ferido na cabeça) na guerra em outubro de 1973Foto: dpa

Com o seu tino para assuntos militares, Sharon ganhou fama de herói, tanto durante a Guerra do Sinai, em 1956, como durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Entretanto, a sua altivez prejudicou a carreira militar e, em 1973, Sharon abandonou o Exército e, como tantos outros militares, iniciou uma carreira política.

Ligando-se ao bloco de grupos nacionalistas em torno de Menachem Begin, ele ajudou então a montar o Likud, seu antigo partido. A Guerra do Yom Kipur o levou novamente ao Exército em outubro de 1973, mas um ano depois tornava a dedicar-se à política.

Ariel Sharon, o político

Como ministro da Defesa, ele organizou, em 1982, a invasão israelense no Líbano. Utilizando como motivo os ataques da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) a Israel, Sharon tentava, na verdade, a organização de uma nova ordem regional sob o comando de Israel, trabalhando juntamente com as milícias cristãs libanesas.

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Ariel Sharon, em 22 de setembro de 1982, ministro israelense da DefesaFoto: dpa

Entretanto, ele foi surpreendido por seus aliados que, sob os olhos do Exército israelense, iniciaram um massacre nos campo de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, nos arredores de Beirute.

Uma comissão de inquérito israelense o considerou inapto para cargos políticos e ele teve que renunciar. Sua carreira, entretanto, não terminaria aí e ele voltou ao gabinete, ocupando-se principalmente da construção de novos assentamentos judeus nas regiões ocupadas.

Sempre acreditando que construir assentamentos é a melhor forma de garantir a posse da terra, Sharon diria anos mais tarde a colonos israelenses: "Ocupem tantos montes quanto possível na Cisjordânia, pois o que ocupamos até hoje nos pertence. O que não ocuparmos, temos que, algum dia, devolver aos palestinos".

Para Sharon, os palestinos eram os maiores inimigos e, por isto, rejeitou completamente o Tratado de Oslo, o acordo de paz assinado entre Rabin e a OLP em 1993.

A ascensão de Sharon

A antipatia de Yitzhak Rabin por parte de Ariel Sharon, que sempre o desmacarou publicamente, ajudou certamente a aumentar a atmosfera de rejeição que levou ao assassinato do premiê em 1995. No governo então assumido por Benjamin Netanyahu, Sharon ocupou várias pastas, inclusive a de ministro das Relações Exteriores.

Ehud Barak, sucessor de Netanyahu, não conseguiu constituir seu governo sob a Paz de Oslo. Em vez disto, iniciava-se a segunda Intifada. Barak renunciou e Sharon tornou-se primeiro-ministro em 2001, prometendo paz e ordem.

No entanto, aconteceu o contrário. Ele isolou o líder palestino Yasser Arafat, considerando-o "persona non grata", destruindo também a infra-estrutura construída nos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

As surpresas de Sharon

Israel Porträt Ariel Scharon - Scharon und George Bush
Sharon e Bush no Texas, em abril de 2005Foto: AP

Somente com muita pressão dos Estados Unidos, apoiados pela ONU, pelos europeus e pela Rússia, é que Israel e palestinos voltaram novamente às negociações de paz.

De qualquer maneira, Sharon surpreendeu o mundo no ano passado, quando ordenou a desocupação dos territórios ocupados por Israel na Faixa de Gaza. Sharon ordenou também a destruição dos assentamentos construídos.

Começava uma nova disputa política no Likud e Sharon, surpreendendo novamente, abandonou o Likud e criou um novo partido político – o Kadima (Avante) – e anunciou novas eleições para 28 de março próximo. Ao mesmo tempo, confirmava seu interesse na continuação da ocupação dos territórios da Cisjordânia.

Parte de aliados o acompanhou no novo partido, favorito nas próximas eleições. A presença de Sharon é essencial para o partido, que pretende reembaralhar a cena política de Israel.