Arquivo do Instituto Leo Baeck tem versão online
13 de fevereiro de 2013O Instituto Leo Baeck (LBI, na sigla original) documenta a história e a cultura do judaísmo alemão, sendo considerado o arquivo mais importante sobre este tema. De seu acervo fazem parte aproximadamente 3,5 milhões de páginas de documentos escritos, 40 mil fotografias, diversas coleções de arte, 2 mil manuscritos de memórias não publicadas, além de objetos pessoais como cartas, diários e até mesmo receitas. E tudo isso não apenas em alemão, mas em diversas línguas.
No arquivo do Instituto estão guardadas referências a 500 anos de história judaico-alemã, acessíveis a pesquisadores. Trata-se, como diz Aubrey Pomerance, do escritório do LBI em Berlim, de "um lugar de memória coletiva", que mostra mais do que apenas o judaísmo religioso. Uma enorme quantidade de documentos contém informações sobre professores, assistentes sociais, artesãos e mulheres de diversas origens, diz Pomerance.
Memória digital coletiva
A digitalização do acervo começou em 2008 e ainda não foi concluída, embora 75% do material já estejam prontos. Pomerance acentua que os principais usuários deste projeto de digitalização são "a comunidade científica", embora haja um interesse geral da sociedade sobre o assunto. Além de ser procurado por pesquisadores , o LBI é fonte para aqueles que pesquisam sobre a história da própria família – um procedimento que se torna agora também mais fácil através do digibaeck. O projeto custou 2,5 milhões de dólares, tendo sido custeado principalmente por um patrocinador privado norte-americano.
Livro de convidados de Einstein
O banco de dados tem naturalmente seus destaques. Não apenas especialistas, mas também leigos em geral, interessados pelo assunto, podem, por exemplo, ver na internet o livro de convidados da residência de verão do físico Albert Einstein, que ficava em Caputh, no estado alemão de Brandemburgo. A correspondência entre o filósofo e teólogo Franz Rosenzweig também está disponível, bem como manuscritos originais do escritor Joseph Roth e cartas do filósofo Moses Mendelssohn a seu neto, o compositor Felix Mendelssohn-Bartholdy.
Um grande volume de memórias escritas aborda temas históricos, como por exemplo a participação dos judeus na Revolução de 1848, nos movimentos norte-americanos pelos direitos civis, ou a emigração de judeus perseguidos pelo nazismo para Xangai. "O interessante é que aqui é possível mergulhar realmente no assunto e descobrir tanta coisa. Quem visita o digibaeck, inicia uma viagem pela história judaico-alemã", fala Pomerance.
Instituto com história
O Instituto Leo Baeck foi fundado em Jerusalém no ano de 1955 por intelectuais judeus conhecidos, como Hannah Arendt, Martin Buber e Gerschom Scholem. O Instituto leva o nome do último rabino da comunidade judaica na Alemanha durante o período nazista. Baeck sobreviveu ao campo de concentração Theresienstadt, emigrou para os EUA e foi o primeiro presidente da instituição, sediada em Nova York, que viria a se desenvolver como a mais importante do gênero.
Desde 1956, o Instituto publica um anuário com as pesquisas mais recentes, sendo ainda paralelamente responsável por diversas publicações na área de história e cultura judaicas. Partes do LBI ficam em Jerusalém e Londres. No Museu Judaico de Berlim encontra-se um departamento do arquivo do Instituto.
Na Alemanha, é concedida em intervalos irregulares a Medalha Leo Baeck àqueles que contribuem para a reconciliação entre alemães e judeus. O Conselho Central dos Judeus na Alemanha concede anualmente o Prêmio Leo Baeck. O conhecido rabino e sobrevivente do terror nazista continua, desta forma, presente de diversas maneiras na memória coletiva das gerações posteriores. E agora também no mundo digital.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer