Arábia Saudita libera estádios para mulheres
13 de janeiro de 2018Pela primeira vez na história, mulheres foram autorizadas nesta sexta-feira (12/01) a assistir a um jogo de futebol na Arábia Saudita. A mídia local mostrou fotos de mulheres nas arquibancadas de um estádio em Jeddah, com lenços listrados no pescoço e com longos casacos pretos.
A autoridade responsável por esportes saudita anunciara anteriormente que um total de três estádios foram preparados para receber visitas de famílias.
A visita de estádios era proibida na Arábia Saudita para torcedoras do sexo feminino. Uma primeira exceção foi feita em setembro, quando mulheres, acompanhadas de suas famílias, puderam assistir a um jogo no dia nacional do país.
Em vídeos divulgados na internet pouco antes do início da partida da primeira divisão entre os times Al-Ahli e Al-Batin é possível ver as arquibancadas do estádio Rei Abdullah se enchendo aos poucos . Outro vídeo mostra homens e mulheres torcendo durante a partida.
De acordo com a autoridade esportiva saudita, foram reservados 14 mil dos 62 mil assentos "para famílias" naquele estádio. Os lugares ”para famílias” são localizados em determinados blocos, e as mulheres só podem entrar no lugar acompanhadas. O jornal saudita Okaz escreveu que pelo menos 1.200 entradas para famílias foram vendidas.
Nos próximos dias, mulheres também poderão assistir mais duas partidas, na capital, Riad, e em Dammam, no leste do país.
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A abertura de estádios para mulheres faz parte de uma série de reformas sociais no país islâmico-conservador. No ano passado, a casa real anunciou que a partir de junho, mulheres também poderão dirigir. O país é o único no mundo que proíbe mulheres de conduzir veículos.
A Arábia Saudita também cancelou a proibição dos cinemas depois de mais de 35 anos. As mudanças sociais são consideradas parte de uma chamada Vision 2030, com a qual a família real deseja reformar e modernizar a sociedade e a economia. O país quer, sobretudo, ficar mais independente economicamente do petróleo.
Nas redes sociais, as mulheres saudaram a medida. "Isso é mais que um direito das mulheres ", escreveu o embaixador saudita nos EUA, Fatimah Baeshen, no Twitter, acrescentando que a medida possibilita que famílias se reúnam e desfrutem o futebol saudita, que é uma paixão nacional.
Houve também críticas de meios mais conservadores, que argumentaram que estádios de futebol não são lugar para mulheres e que chamaram a liberação de "demoníaca” e prejudicial à religião e à cultura do país.
MD/dpa/sid
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