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Assessor de Biden diz que política contribuiu para mortes

23 de fevereiro de 2021

Maior autoridade americana em questões epidemiológicas diz que pandemia atingiu país em momento de divisão e condena fato de até o uso de máscaras ter sido politizado.

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Protesto antivacina em Nova York
Protesto antivacina em Nova YorkFoto: G. Ronald Lopez/ZUMAPRESS/picture alliance

A divisão política teve papel-chave nas mais de 500 mil mortes causadas pela pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, afirmou Anthony Fauci, maior autoridade americana em questões epidemiológicas e assessor do presidente Joe Biden.

Em entrevista à agência de notícias Reuters na segunda-feira (22/02), data em que os EUA atingiram a trágica marca, Fauci disse que a pandemia chegou ao país num momento de divisão e que até o uso da máscara foi politizado, em vez de ser meramente uma medida de saúde pública.

"Mesmo sob as melhores circunstâncias, este teria sido um problema muito sério", comenta Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e conselheiro-chefe de Biden sobre o tema.

Fauci observou que, apesar da forte adesão às medidas de saúde pública, mesmo países como a Alemanha e o Reino Unido tiveram dificuldades de enfrentar o vírus.

"Mas isso não explica como um país rico e sofisticado pode ter a maior porcentagem de mortes e ser o país mais atingido do mundo", disse Fauci.

Os Estados Unidos sozinhos correspondem por 19% do total de mortes em decorrência da covid-19 registradas oficialmente no planeta. O número é desproporcional, uma vez que a nação reúne apenas 4% da população mundial.

Na entrevista, Fauci disse que o surgimento de variantes mais contagiosas do coronavírus, especialmente as da África do Sul e do Brasil, tornam difícil prever quando os EUA serão capazes de deixar a pandemia para trás.

Tanto Fauci quanto Biden disseram que os EUA poderiam retornar a algo que se aproximasse da vida normal pré-pandêmica por volta do Natal. Isso, porém, pode mudar, segundo o especialista.

As variantes também mudam a equação quando se trata de imunidade de rebanho. Indagado se isso ainda é possível, Fauci disse: "Acho que podemos obter imunidade de rebanho pelo menos contra ficar doente".

Meio milhão de mortes

Os EUA ultrapassaram na segunda-feira (22/02) a trágica marca de 500 mil mortes relacionadas à covid-19, apenas pouco mais de um ano depois que o coronavírus 2 foi confirmado pela primeira vez e causou sua primeira morte no país.

Segundo contagem mantida pela universidade americana Johns Hopkins, ao todo mais de 28 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus nos EUA – que em números absolutos são, de longe, o país mais afetado pela pandemia no mundo.

"Hoje atingimos um marco verdadeiramente triste e comovente", declarou o presidente Joe Biden em discurso emocionado na Casa Branca. "Mais americanos morreram em um ano nesta pandemia do que na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra e na Guerra do Vietnã combinadas."

"Eu sei como é", disse Biden, referindo-se ao seu próprio histórico de tragédias familiares, que lhe fizeram perder sua esposa e dois filhos ao longo da vida. "Peço a todos os americanos que lembrem. Que se lembrem daqueles que perdemos e daqueles que eles deixaram."

Ao mesmo tempo, o presidente pediu que as pessoas permaneçam vigilantes e continuem a seguir as recomendações de saúde para conter a pandemia.

A pandemia nos EUA

O primeiro caso de infecção pelo coronavírus nos EUA foi confirmado em 21 de janeiro de 2020, em um homem de cerca de 30 anos que havia retornado de Wuhan, na China. Já a primeira morte foi registrada em 6 de fevereiro de 2020, uma mulher de 57 anos.

O país atingiu a marca de 100 mil vidas perdidas pela covid-19 em maio do ano passado. O número dobrou em setembro, e em dezembro os EUA superaram 300 mil mortes. Já no mês seguinte, em 19 de janeiro, foi alcançada a marca de 400 mil óbitos.

As mortes registradas somente entre dezembro e fevereiro correspondem a 46% de todos os óbitos por covid-19 nos EUA, mesmo depois do início da campanha de vacinação, em dezembro.

Apesar do marco sombrio de 500 mil vítimas, o vírus parece estar dando trégua, com a incidência de infecções caindo pela sexta semana consecutiva. Contudo, especialistas em saúde alertaram que as variantes descobertas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil podem desencadear outra onda de contaminações que ameaça reverter as tendências positivas recentes.

rpr/lf (Reuters, DW)