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Ataque a crianças no Iêmen gera indignação internacional

10 de agosto de 2018

Secretário-geral da ONU pede inquérito para investigar ataque realizado por coalizão liderada pela Arábia Saudita. "Crianças não devem pagar o preço de uma guerra de adultos", afirma representante da Cruz Vermelha.

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Vítima de ataque a ônibus no Iêmen
Ataque provocou a morte de 50 pessoas e deixou 77 feridos Foto: picture alliance/dpa/A. Al-Zarai

A morte de 29 crianças após um ataque aéreo realizado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra um ônibus no Iêmen, nesta quinta-feira (09/08), gerou indignação internacional. No total, o ataque deixou ao menos 50 mortos e 77 feridos.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu "um inquérito rápido e independente" para investigar o ocorrido e exortou todas as partes a esforçarem-se "em poupar os civis durante a realização de operações militares".

"Crianças não deveriam pagar o preço de uma guerra de adultos", disse Johannes Bruwer, chefe da delegação da Cruz Vermelha no Iêmen, que informou ainda que um hospital da organização na região recebeu 30 corpos e atendeu 48 feridos. 

Henrietta Fore, chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), também condenou o episódio. "O ataque horrível a um ônibus no Iêmen marca um ponto baixo na brutal guerra do país [...] Quantas crianças mais sofrerão ou morrerão antes que aqueles que podem agir façam algo para deter este flagelo?"

Os EUA, aliados da Arábia Saudita, também pediram que o ataque seja investigado, mas sem ressalva de que ele seja independente. Heather Nauert , porta-voz do Departamento de Estado americano, pediu que a coalizão liderada pelos sauditas conduza uma "minuciosa e transparente investigação sobre o incidente". Ela ainda solicitou que todos os atores na região "tomem medidas apropriadas para proteger civis".

A coalizão reconheceu ter feito um ataque aéreo que atingiu um ônibus, mas sustentou que o veículo não transportava crianças, mas sim "combatentes houthis", declarou à AFP o porta-voz da aliança, Turki al-Maliki.

Ele disse ainda que o episódio foi "uma ação militar legítima contra os elementos que planejaram e perpetraram o ataque contra civis na noite de ontem na cidade de Yazan", no qual, segundo ele, morreu um iemenita residente na Arábia Saudita e outras 11 pessoas ficaram feridas.

As disputas sectárias no Iêmen ganharam contorno de guerra civil em 2014, quando os houthis, apoiados pelo Irã, tomaram parte do norte e do oeste do país, incluindo a capital, Sanaa.

Desde 2015, a coalizão militar sunita liderada pela Arábia Saudita – e tacitamente apoiada pelo Ocidente – tenta derrotar os rebeldes xiitas para tentar trazer o governo, reconhecido internacionalmente, do presidente exilado Abd Rabbuh Mansur al-Hadi de volta ao poder. Os houthis controlam Sanaa e a maioria das áreas povoadas.

A coalizão árabe é alvo frequente de críticas internacionais devido a bombardeios que matam também civis.

Em três anos de guerra, mais de 10 mil pessoas morreram. O conflito danificou a infraestrutura e o sistema de saúde do país, que enfrenta atualmente a pior crise humanitária do mundo. Cerca de dois terços da população do Iêmen, de 27 milhões de pessoas, dependem de ajuda externa, e 8,4 milhões enfrentam risco de inanição.

JPS/lusa/efe/rtr/ots

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