Ataque com caminhão-bomba mata mais de 200 na Somália
15 de outubro de 2017O ataque com um caminhão-bomba ocorrido neste sábado (14/10) em Mogadíscio, na Somália, matou ao menos 237 pessoas e deixou outras 350 feridas, segundo autoridades somalis e serviços médicos. Trata-se do ataque mais mortal da história dessa nação africana.
O número de mortos deve aumentar ainda mais nas próximas horas. Serviços médicos nos hospitais lutam para salvar as vidas das centenas de pessoas feridas, muitas delas com queimaduras tão graves que impedem até mesmo a identificação.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, declarou três dias de luto e apelou à população para que vá aos hospitais, que estão lotados de feridos, para doar sangue para as vítimas. Ele próprio doou sangue.
Segundo a imprensa somali, a maioria dos mortos eram civis, principalmente vendedores ambulantes. Ao menos cinco voluntários da organização humanitária do Crescente Vermelho da Somália morreram no atentado, segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Neste sábado, um caminhão-bomba explodiu numa rua movimentada da capital somali, nas proximidades do hotel Safari, muito frequentado por estrangeiros, destruindo veículos e edifícios das imediações. Serviços médicos afirmam que ao menos 237 pessoas morreram e 350 ficaram feridas.
O comandante da polícia de Mogadíscio, Mahad Abdi Gooye, afirmou à agência de notícias Efe que um segundo caminhão-bomba explodiu perto da antiga sede da companhia aérea nacional Somali Airlines, no distrito de Wadajir. Segundo a BBC, duas pessoas morreram nessa segunda explosão.
O hotel Safari se localiza nas proximidades do Ministério do Exterior da Somália. A explosão deixou um rastro de destruição num ponto muito movimentado da cidade, com vários corpos ensanguentados expostos. Janelas de prédios próximos ficaram destruídos e carros queimaram na rua.
Até agora nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados, mas o ministro da Informação, Abdirahman Yarisow, afirmou que o ataque provavelmente foi realizado pela milícia Al Shabaab, um grupo islâmico que se filiou em 2012 à rede terrorista Al Qaeda e que costuma escolher seus alvos em Mogadíscio.
Ao longo de toda a noite, grupos de resgate vasculharam os destroços do hotel Safari e de outros edifícios das proximidades em busca de sobreviventes. "Em dez anos de experiência nos serviços de emergência em Mogadíscio, nunca vimos algo como isso", escreveu o serviço de ambulâncias da cidade no Twitter.
Neste domingo, os sentimentos dominantes entre a população eram o luto, a perplexidade e a revolta. "Não há nada que eu possa dizer. Perdemos tudo", disse Zainab Sharif, que é mãe de quatro crianças e perdeu o marido.
A milícia Al Shabaab controla parte do território no centro e no sul do país e tenta instaurar um Estado islâmico wahabista na Somália. O país vive em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi destituído, o que deixou o país sem governo efetivo e em mãos de grupos radicais islâmicos e clãs locais.
FC/AS/efe/dpa/afp/dpa