Ataque perto da ex-sede do "Charlie Hebdo" deixa 2 feridos
25 de setembro de 2020Duas pessoas foram esfaqueadas nesta sexta-feira (25/09) nas imediações da antiga sede do semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris, segundo a polícia da capital francesa. O jornal foi alvo de um ataque de militantes islamistas há cinco anos. Os dois feridos estão em estado grave, mas a vida deles não está em risco.
O diretor da Procuradoria Nacional Antiterrorismo (Pnat) da França, Jean-François Ricard, disse que o principal suspeito é um jovem de 18 anos. Ele foi preso nas proximidades do local do ataque. O Pnat abriu um inquérito sobre acusações de "tentativa de assassinato associada a um ato terrorista", além de "conspiração com terroristas".
Segundo a agência de notícias AFP, cinco suspeitos foram presos durante uma operação policial em um apartamento em Pantin, próximo a Paris. Até agora, sete pessoas estão detidas por suspeita de ligação com o ataque.
Testemunhas disseram ter visto um homem de cerca de 30 ou 40 anos correndo atrás de uma das vítimas com uma faca. "Dois colegas fumavam um cigarro na frente do imóvel, na rua. Eu ouvi gritos. Eu fui até a janela e vi um dos meus colegas, manchado de sangue, ser perseguido por um homem com um facão pela rua", testemunhou um empregado da produtora Premières Lignes, cuja sede fica no mesmo prédio onde antes ficava a redação do Charlie Hebdo. Segundo ele, os dois feridos trabalham para a empresa.
A Première Lignes participou da produção de um documentário sobre o ataque de 2015 ao semanário, intitulado Três dias de terror: Os ataques ao Charlie Hebdo, feito para as emissoras HBO, BBC e France 2. O filme de 2016 traz depoimentos de testemunhas, policiais e sobreviventes.
O entorno do edifício da antiga sede do jornal, na rua Nicolas Appert, foi interditado após a polícia encontrar um pacote suspeito, no qual posteriormente não foram encontrados explosivos, segundo a imprensa francesa.
Na cena do crime, os investigadores teriam descoberto uma faca de grande porte. Uma testemunha descreveu o objeto como um facão, outra, como um cutelo. A polícia pediu aos residentes do 11º arrondissement da cidade para ficarem em casa.
O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, descreveu o ocorrido como "um ato de terror islamista". Em entrevista a uma emissora de televisão, ele diz não ter dúvidas de se tratar de mais um "ataque sanguinário ao país". Darmanin disse que pediu que a polícia investigue se as ameaças de ataques terroristas vem sendo subestimadas pelas autoridades.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou solidariedade para com os franceses. "Meus pensamentos estão com as vítimas desse ato covarde de violência", afirmou, em seu perfil no Twitter. "O terror não tem lugar no território europeu."
Os editores do jornal satírico também se manifestaram. "Toda a equipe do Charlie expressa seu apoio e solidariedade aos seus antigos vizinhos e colegas da Première Lignes e às pessoas afetadas por esse ataque hediondo", afirmaram, em postagem no perfil do semanário.
Um processo judicial está em andamento em Paris, no qual são julgadas 14 pessoas acusadas de fornecer ajuda aos terroristas que invadiram os escritórios do Charlie Hebdo em 7 de janeiro de 2015, executando um ataque que deixou 12 mortos. Ao todo, 17 pessoas morreram nas mãos de três agressores durante uma semana de terror na cidade.
A publicação reproduziu recentemente caricaturas do profeta muçulmano Maomé, consideradas ofensivas em grande parte do mundo muçulmano e tem recebido novas ameaças.
LF/MD/RC/ap/dpa/afp