Atentado de 2016 em Munique reconhecido como crime político
25 de outubro de 2019Mais de três anos após o atentado fatal no centro comercial Olympia, em Munique, o Departamento Criminal Estadual (LKA) da Baviera apontou oficialmente que o ataque teve motivação política. Segundo o órgão, na avaliação do ato não se deve negligenciar a mentalidade ultradireitista e racista do autor.
Em 22 de julho de 2016, o extremista de direita David Ali Sonboly, de 18 anos, abriu fogo no centro comercial Olympia na capital bávara, matando nove pessoas e ferindo outras 27, antes de se suicidar. A maioria das vítimas era de origem estrangeira. O assassino sofria de problemas mentais.
Em sua atual avaliação, o LKA escreve: "Resumindo as constatações dos trabalhos de investigação dos últimos três anos, parece justificado falar-se de motivação política, nos termos do sistema de definição PMK." O sistema alemão PMK classifica os casos de criminalidade politicamente motivada de forma abrangente e detalhada.
Até então, os investigadores haviam definido o crime como ato de vingança, apesar de não haver dúvidas sobre a ideologia do perpetrador. Essa avaliação foi duramente criticada, inclusive pelo Partido Verde. Segundo os investigadores, o atirador alemão de origem iraniana quis se vingar do bullying por parte dos colegas de escola. Contudo há indicações de que ele escolheu suas vítimas segundo nacionalidade e origem, frisa agora o LKA.
A Fundação Amadeu António, que combate o radicalismo de direita, racismo e antissemitismo, saudou a declaração: "Assim ficam finalmente reconhecidas a motivação racista e a ideologia de extrema direita do agressor", e trata-se de um sinal importante, que chega atrasado, na confrontação com o terrorismo de direita.
O ataque de Munique apresenta diversos paralelos com o atentado de 9 de outubro contra uma sinagoga na cidade de Halle, no Leste alemão, prossegue a fundação. "O perigo de criminosos extremistas de direita, que agem de forma solitária, se radicalizam em fóruns online e se orientam por terroristas de direita internacionais, deveria ter sido reconhecido muito mais cedo."
AV/ap/dpa
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