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Afeganistão: sim ou não?

21 de maio de 2007

O atentado do Talibã que matou três soldados alemães e feriu cinco aumenta as dúvidas quanto à permanência da Bundeswehr no país asiático e à estratégia a ser adotada. Aproximar-se da população ou proteger-se?

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Missão questionávelFoto: AP

O atentado suicida contra soldados alemães no norte do Afeganistão despertou protestos para que as Forças Armadas alemãs (Bundeswehr) modifiquem sua estratégia naquele país asiático.

O líder do Partido Verde, Reinhard Bütikofer, criticou severamente a política militar alemã no Afeganistão, como um todo. "Há muito acreditamos ser necessário modificar a estratégia total", comentou à emissora N-TV. Segundo ele, a ênfase deveria ser "decididamente colocada na construção civil".

Necessidade de revisão

O parlamentar europeu Martin Schulz insistiu que os reiterados ataques pelo Talibã não incorram no abandono do conceito de ajuda civil. Segundo o social-democrata, são antes as tropas norte-americanas que deveriam rever sua estratégia.

"Não podemos nos deixar intimidar", acentuou o ministro da Defesa, Franz Josef Jung. Entretanto, há bastante tempo ele já determinara que a Bundeswehr só se deslocasse em veículos protegidos. Os soldados alemães se encontravam numa feira livre, ao serem atingidos pela explosão.

O político democrata-cristão sugere que se expanda para todo o Afeganistão o conceito de "segurança em rede", que a Bundeswehr emprega no norte do país. Além disso, seria também necessário maior proximidade com a população, a fim de conquistar sua confiança.

Apesar do atentado – em suas palavras, "o mais grave, traiçoeiro e pérfido" desde 2003 – o ministro assegurou que os militares alemães continuarão procurando o contato com os afegães.

"Segurança autônoma"

A ala de esquerda do Partido Social Democrata (SPD) e o Partido de Esquerda exigem a retirada total das tropas alemãs do Afeganistão. O ministro Jung rejeita peremptoriamente a idéia.

Terroranschlag in Kunduz
Atentado também fez vítimas afegãsFoto: AP

"Se simplesmente nos retirássemos agora, dando novo espaço aos centros de formação terrorista, isso representaria uma ameaça adicional à nossa segurança", declarou nesta segunda-feira (21/05) à rádio Deutschlandfunk, acrescentando que a missão precisa ser cumprida.

Jung quer que se estabeleça uma "segurança autônoma" no Afeganistão, para a qual é necessário formar soldados e policiais afegães. Ele insistiu ainda que a população civil não seja atingida pelas operações antiterror das tropas internacionais.

Mortes inúteis?

O ministro voltou a rejeitar a idéia de uma conferência internacional para o Afeganistão, com a participação do grupo Talibã, como sugerira o chefe do SPD, Kurt Beck. Jung admite que se integrem aqueles prontos a renunciar à violência. Contudo a Alemanha investirá tudo para "capturar os mentores destes atentados em Kunduz".

Os três soldados mortos serão trasladados para a área militar do aeroporto de Colônia na próxima quarta-feira, onde se realizará uma cerimônia fúnebre em sua homenagem. Três dos cinco feridos receberam alta nesta segunda-feira. Ao todo, 21 soldados alemães já perderam a vida no Afeganistão, alguns deles em acidentes.

Discute-se também a influência das mortes sobre uma eventual prorrogação do mandato da Bundeswehr naquele país. O ministro da Defesa afirmou contar com a prorrogação em outubro.

Por sua vez, Bernhard Gertz, diretor da Associação das Forças Armadas Alemãs, crê que a Alemanha deveria reavaliar o propósito de sua missão no Afeganistão e decidir "se ainda é responsável que os soldados arrisquem suas vidas por algo cujo resultado é questionável". (av)