Ativistas interrompem reunião de acionistas da Volkswagen
11 de maio de 2023Protestos relacionados a direitos humanos e mudanças climáticas, que incluíram uma manifestante de topless e o arremesso de uma torta, marcaram a assembleia anual de acionistas da montadora alemã Volkswagen, realizada na quarta-feira (10/05) em Berlim.
Enquanto o CEO da montadora, Oliver Blume, discursava, uma mulher de topless, com as palavras dirty money (dinheiro sujo) escritas nas costas, foi à frente da sala de conferência e criticou as operações da Volkswagen na região de Xinjiang, na China. Ela foi rapidamente imobilizada e conduzida para fora do recinto por seguranças.
Algumas organizações afirmam que a Volkswagen faz vistas grossas para violações de direitos humanos na região, onde o grupo tem uma fábrica em parceria com a empresa chinesa SAIC. O Partido Comunista da China é acusado de manter mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas detidos na região do extremo oeste do país e de fazer uso de campos de trabalho forçado – o que levou Washington a acusar Pequim de genocídio.
A China nega veementemente as alegações de abuso. A Volkswagen também rejeita as acusações de que use trabalho forçado em suas fábricas, e afirma não ter nenhuma evidência de violações de direitos humanos no local.
Ativistas ambientais
A reunião dos acionistas foi interrompida uma segunda vez, durante o discurso do membro do conselho de administração Hans-Dieter Poetsch, quando algo que se assemelhava a uma torta foi arremessado aparentemente na direção de Wolfgang Porsche, que representa a participação acionária de sua família na empresa. O objetivo atingiu a bancada próximo ao local onde Porsche estava sentado.
Em frente ao salão onde o evento era realizado, manifestantes reuniram-se para pressionar a maior fabricante de automóveis da Europa a reduzir sua pegada de carbono.
"A ciência é clara: as emissões das vendas previstas de carros da Volkswagen estão além dos limites planetários", era a mensagem exibida pelos ativistas do grupo Scientist Rebellion.
Outros doze ativistas do grupo Letzte Generation (Última Geração) também se colaram ao asfalto na rua em frente ao local da assembleia. Essa estratégia de protesto vem sido usada com frequência pelo grupo em cidades da Alemanha.
Em resposta aos protestos, a empresa afirmou: "Um diálogo construtivo é importante. E uma assembleia geral oferece uma boa oportunidade para isso".
Entre os acionistas presentes no evento, alguns lamentaram o fraco desempenho das ações da Volkswagen, apesar da margem de lucro recorde da empresa, e a queda nas vendas na China, um mercado importante para o grupo, que enfrenta uma concorrência cada vez mais acirrada dos fabricantes locais de automóveis.
bl (AFP, AP, ots)