Doping nos esportes de inverno
17 de janeiro de 2008O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB) exigiram que seja investigada a denúncia de que atletas alemães de esportes de inverno estariam envolvidos num escândalo de doping. "Só é possível ir adiante se tivermos fatos", afirmou o presidente da DOSB, Thomas Bach.
Esta semana, o canal de televisão ARD denunciou que 30 atletas, entre eles 20 alemães, teriam recorrido ao laboratório Humanplasma, em Viena, para a prática de doping sangüíneo. A reportagem não divulgou nomes, mas disse que entre os envolvidos estariam atletas de ponta do biatlo e do esqui de fundo.
Bach disse ter conversado sobre o assunto com o presidente do COI, Jacques Rogge, e que as duas entidades decidiram requisitar documentos às autoridades austríacas. "É inadmissível criar um cenário de horror. Até agora não há fatos. Há uma suspeita que está sendo generalizada", afirmou Bach.
Também o governo alemão exigiu que a denúncia seja investigada. "Espero que todos que possam colaborar para o esclarecimento deste caso, como a Agência Mundial Antidoping, as autoridades austríacas e as federações esportivas, o façam o mais rápido possível", disse o ministro do Interior, Wolfgang Schäuble.
Processo contra jornalistas
A Federação Alemã de Esqui (DSV) anunciou que processará os jornalistas responsáveis pela reportagem. A DSV disse ter entrado em contato com a Agência Nacional Antidoping da Alemanha (Anad) e com autoridades austríacas e que não encontrou provas contra os atletas alemães. "Para um rápido esclarecimento do caso, a DSV espera a divulgação de nomes tão logo estes estejam disponíveis", afirmou a entidade em nota à imprensa.
Mas o jornalista Hajo Seppelt, da ARD, reiterou a denúncia. "A DSV não é suspeita de ter apoiado o doping sangüíneo, muito menos de ter enviado atletas a Viena", explicou. De acordo com ele, os casos não são atuais, mas estão relacionados com o escândalo de doping que envolveu a equipe austríaca durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2006, em Turim.
Seppelt disse que os nomes dos atletas não foram divulgados para não colocar em risco a vida das pessoas que deram informações aos jornalistas. "As máfias russa e ucraniana estão por trás do banco de sangue. Por isso precisamos proteger nossos informantes", argumentou.
Já o apresentador Michael Antwerpes, que narra transmissões de biatlo para a ARD, pediu desculpas por "erros jornalísticos" da reportagem veiculada pela emissora. "Não é justificável, e incompatível com a nossa concepção da profissão, que tais suspeitas generalizadas sejam levantadas sem que haja fatos comprováveis e que possam ser apresentados", afirmou o narrador no início de uma transmissão do Campeonato Mundial de Biatlo, nesta quinta-feira (17/01).
A competição, que está sendo disputada em Antholz, na Itália, é transmitida para a Alemanha pela própria ARD.
Ciclistas envolvidos
Apenas os nomes de quatro cliclistas que estariam envolvidos no escândalo foram divulgados pela ARD. De acordo com a emissora de televisão, o dinamarquês Michael Rasmussen, o holandês Michael Boogerd, o austríaco Georg Totschnig e o russo Denis Menchov, bicampeão da Volta da Espanha, usaram os serviços do banco de sangue. Todos negaram as acusações. "Nunca ouvi falar nesse instituto", disse Menchov ao jornal holandês De Telegraaf.
Também a direção do Humanplasma negou envolvimento com o caso. À agência austríaca de notícias APA, o diretor médico do laboratório, Lothar Baumgartner, disse desconhecer os 30 nomes apresentados a ele pelos jornalistas da ARD. (as)