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Suicídio na TV

Matthias von Hellfeld (ca)12 de dezembro de 2008

Documentário de TV sobre suicídio de professor universitário de 59 anos provocou críticas na Alemanha. Para político, filme seria satisfação do voyeurismo e propaganda para uma organização bastante discutível.

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Aumentam apelos para se proibir o negócio com o suicídioFoto: AP

Na noite da última quarta-feira (10/12), o público britânico pôde assistir na TV ao suicídio de um doente grave. Craig Ewert, professor universitário aposentado de 59 anos, sofria de uma doença neuronal motora incurável. Devido à enfermidade, seu corpo estava praticamente paralisado. Ele não podia mais respirar de forma autônoma e tinha que ser alimentado artificialmente.

Suicídio em frente às câmeras

Craig sobreviveu os últimos meses de sua vida com a ajuda de uma série de aparelhos médicos, numa clínica da organização de ajuda ao suicídio Dignitas, em Zurique.

Com a ajuda de sua esposa, em fins de setembro de 2006, Craig tomou uma mistura de medicamentos e, em seguida, desligou com seus dentes o ventilador ao qual estava ligado. O documentário de John Zaritsky exibido pelo canal privado britânico Sky Real Lives vem provocando discussões controversas em toda a Europa. Em 1983, Zaritsky foi premiado com um Oscar por outro documentário.

Debates em toda a Europa

Se, por um lado, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown apelou para que a mídia tratasse o tema com sensibilidade, o canal privado defende sua transmissão, afirmando que o tema "suicídio" no caso de doenças incuráveis interessa sempre às pessoas. O documentário daria "uma visão informativa, bastante compreensível e instrutiva da decisão que muitas pessoas têm que tomar", afirmou uma porta-voz de Sky Real Lives.

Craig Ewert
Ewert se matou em frente às câmarasFoto: AP

A Fundação Hospiz, organização de proteção a pacientes graves e terminais, criticou o filme como uma "encenação condenável e voyeurística". O documentário se aproveitaria do suicídio de um doente grave. Além disso, isto se trataria de uma propaganda perigosa para a organização Dignitas, afirmou a fundação, que, em seu estatuto, se opõe veementemente a qualquer forma "de suicídio associado e de eutanásia ativa".

Eugen Brysch, diretor executivo da fundação, explicou que "todos têm direito de morrer, mas não existe direito de matar". Com a ajuda de médicos acompanhadores e medicamentos eficazes, teria sido possível proporcionar uma morte suave ao paciente de 59 anos.

Apelo por regulação judicial

Wolfgang Bosbach, CDU
Bosbach exige regulações judiciais contra a práticaFoto: Wolfgang Bosbach

A crítica do vice-chefe da bancada da União Democrata Cristã e da União Social Cristã (CDU/CSU) no parlamento alemão, Wolfgang Bosbach, também foi bastante clara. Ele exige que o negócio com o suicídio seja proibido e que providências jurídicas sejam tomadas contra tais organizações. O político democrata-cristão critica ainda que associações como Dignitas visem ao lucro. Na opinião do político, um documentário sobre o suicídio seria satisfação do voyeurismo e propaganda para uma organização bastante discutível. Além disso, alerta que o filme de Zaritsky sugere que não existe nenhuma outra possibilidade de morrer humanamente. "Aproveita-se do medo das pessoas de uma morte dolorosa", afirmou Bosbach.

Crítica da Câmara Alemã de Médicos

Bosbach recebeu apoio do presidente da Câmara Alemã de Médicos, Jörg-Dietrich Hoppe, que afirmou que a eutanásia não deve ser encenada como instrução prática ideal com vista ao suicídio. "A pessoa que está prestes a morrer perderia assim sua dignidade. Em vez de ajudar os doentes através da atenção e do alívio medicinal de suas dores, o suicídio é apresentado como um caminho supostamente mais fácil", afirmou Hoppe.