Alemanha tem cada vez menos esperança de achar sobreviventes
21 de julho de 2021As equipes de resgate provavelmente não encontrarão mais sobreviventes entre os escombros dos vilarejos devastados pelas enchentes no oeste da Alemanha, disse uma autoridade da Agência Federal de Defesa Civil (THW) nesta quarta-feira (21/07).
Pelo menos 170 pessoas morreram nas enchentes da semana passada, no pior desastre natural da Alemanha em mais de meio século. Muitas seguem desaparecidas.
"Ainda estamos procurando pessoas desaparecidas enquanto limpamos estradas e bombeamos água para fora dos porões", disse a vice-chefe da THW, Sabine Lackner, à Redaktionsnetzwerk Deutschland. Qualquer outra vítima que for encontrada agora provavelmente estará sem vida, disse ela.
Uma mulher em Insul, na região rural de Eifel, disse que as pessoas saíram de suas casas na semana passada para ver se seus vizinhos estavam vivos. No distrito de Ahrweiler, do qual Insul faz parte, 123 pessoas morreram.
Ajuda estatal
Para trazer um pouco de alívio às regiões devastadas, a expectativa é de que o governo federal alemão anuncie nesta quarta-feira planos para direcionar 200 milhões de euros em apoio emergência. Isso se somará a 250 milhões de euros que serão fornecidos pelos 16 estados da Alemanha para reconstruir prédios e parte da infraestrutura danificada e apoiar as pessoas afetadas,
O ministro da Economia, Peter Altmaier, disse à rádio Deutschlandfunk que a ajuda incluirá fundos para apoiar estabelecimentos, como restaurantes ou salões de cabeleireiro, para compensarem as perdas de receita.
Já o ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse que o governo também vai contribuir para o custo da reconstrução de estradas e pontes. A extensão total dos danos não está clara, mas Scholz disse que os custos de reconstrução em enchentes anteriores chegaram a 6 bilhões de euros.
As inundações vêm dominando a agenda política nas semanas que precedem as eleições nacionais, que vão ocorrer em setembro. O desastre tem levantando questionamentos sobre por que a economia mais rica da Europa foi pega de surpresa.
Dois terços dos alemães acreditam que os legisladores federais e regionais deveriam ter feito mais para proteger as comunidades das inundações, mostrou uma pesquisa do instituto INSA divulgada pelo tabloide Bild nesta quarta-feira.
O ministro do Interior, Horst Seehofer, que enfrentou pedidos de políticos da oposição para renunciar devido ao alto número de mortos, disse que não haverá falta de dinheiro para a reconstrução. "É por isso que as pessoas pagam impostos, para que possam receber ajuda em situações como essa. Nem tudo pode ser segurado", disse.
As perdas seguradas com as enchentes podem totalizar de 4 bilhões a 5 bilhões de euros, disse a associação da indústria de seguros GDV. Os danos nos estados de Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado, os mais afetados, provavelmente excederão os 4,65 bilhões de euros registrados após uma enchente em agosto de 2002, aponta o relatório.
A estimativa não inclui perdas nos estados da Baviera, no sul da Alemanha, e na Saxônia, no leste da Alemanha, que também foram atingidos por fortes chuvas nos últimos dias.
Apenas 45% dos proprietários de residências na Alemanha possuem seguro que cobre danos causados por enchentes, de acordo com o GDV, o que gerou uma discussão sobre a necessidade de seguro obrigatório para enfrentar esse tipo de situação. "À medida que o intervalo de tempo entre os desastres naturais pesados fica cada vez menor, é necessário um debate sobre um esquema de proteção e como ele poderia ser projetado", disse Seehofer.
jps (reuters, ots)