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"Bandeiras dão boas vindas"

(sm)22 de junho de 2006

A opinião pública explica por que a febre de bandeiras alemãs durante a Copa é totalmente inofensiva. Algumas opiniões veiculadas pela imprensa contribuem para o atual debate em torno do novo patriotismo.

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Imprensa opina sobre a nova onda de patriotismo esportivo na Alemanha

A Copa do Mundo é alegre e contagiante, como se houvesse uma magia do contentamento. As bandeiras alemãs por toda a parte e as estampas de corpo inteiro não assustam mais a ninguém. Preto, vermelho e amarelo não representam ameaça alguma, não têm nada de militância obtusa ou de auto-afirmação agressiva. As bandeiras são um sinal de reconhecimento – não discriminam, apenas dão boas vindas.

(Thomas Assheuer, jornalista, Die Zeit)

O velho patriotismo está morto, definitivamente. Mas sem patriotismo fica faltando alguma coisa. Agora apareceu algo para preencher esta lacuna. A princípio, por algumas semanas. É um novo patriotismo. Novo patriotismo significa: diferente do antigo. Um outro. Ainda estamos experimentando. Afinal, o antigo patriotismo vivia numa Alemanha que não existe mais. O patriotismo de hoje se distinguirá do antigo na mesma medida que a Alemanha de hoje de distingue da velha. Portanto, a atual Copa do Mundo tem tanto em comum com os Jogos Olímpicos de 1936 quanto Beckenbauer com Hitler.

(Thomas Brussig, escritor, Süddeutsche Zeitung)

A Copa com certeza não é um caso de pesquisa social empírica; afinal, trata-se "apenas" de futebol e, depois de quatro semanas, todo o encanto já vai ter passado. Mas, nestes dias, quem andar de olhos abertos e sem preconceitos por uma cidade alemã não vai ter exatamente a impressão de que esta é uma sociedade onde impera a discriminação de estrangeiros. Para quem passa de camisa brasileira, buzinando de um carro com bandeira alemã, a única coisa que parece estranha nestes dias é a própria noção de estranheza e estrangeiro.

(Alexander Marguier, jornalista, Frankfurter Allgemeine Zeitung)

WM Fußball Deutschland Fans Fanmeile in Berlin
Sem pudor de levantar bandeirasFoto: AP

O que está por trás da noção de "cultura dominante" é uma questão decisiva que nos une e nos conduz ao futuro. Por causa de nossa história, receamos durante muito tempo colocar-nos esta questão. Tenho a impressão de que estamos numa fase em que os jovens se colocam esta questão de uma forma muito mais alegre e segura de si. A forma descontraída de tratar a própria nação durante esta Copa é um indício positivo para mim.

(Maria Böhmer, encarregada do governo federal para assuntos de migração, refugiados e integração, Der Tagesspiegel)

Mostrar em público o vínculo com seu próprio país parece ser realmente uma satisfação no momento. As cores nacionais servem de recurso, pois não foram usadas há muito tempo e, justamente por isso, exercem uma atração especial. O que predomina é a tendência de se auto-representar e convocar à comunicação. Fora das zonas periféricas, vê-se pouca discriminação agressiva.

(Neue Zürcher Zeitung)

Quanto ao patriotismo como vivência comunitária, o peso recai sobre a vivência. Numa época em que se aprende culturalmente a consumir menos produtos do que vivências, ou melhor, em que as mercadorias têm mais valor de experiência que valor de uso, o patriotismo não passa de uma vivência que pode ser consumida.

(Robert Misik, jornalista, die tageszeitung)