Bangladesh nega participação do EI em atentado
3 de julho de 2016Os extremistas que mataram 20 reféns num restaurante em Daca, capital de Bangladesh, são membros de um grupo local, e não seguidores do "Estado Islâmico" (EI), afirmou neste domingo (03/07) o ministro do Interior do país, Asaduzzaman Khan.
"Eles são membros do Jamayetul Mujahideen Bangladesh (JMB) e não têm ligação com o 'Estado Islâmico'", declarou à agência de notícias AFP, referindo-se ao grupo islamista banido no país há mais de uma década. Segundo o ministro, todos os homens pertenciam a famílias abastadas e receberam educação superior e teria se tornado jihadistas porque isso virou "moda".
Apesar da afirmação do ministro, a polícia afirmou que uma possível ligação com o EI ainda está sendo investigada. O grupo reivindicou a autoria do ataque ao restaurante Holey Artisan Bakery, que teve início na noite da última sexta-feira num bairro diplomático de Daca, de acordo com à agência de notícias Amaq, ligada ao grupo. O atentado chegou ao fim somente depois de mais de 11 horas, após uma ofensiva das forças de segurança.
Segundo Mohammad Uddin, porta-voz da polícia, todos os seis terroristas responsáveis pelo atentado eram de Bangladesh, assim como o único suspeito preso até o momento. "Todos parecem bengaleses, mas a investigação segue porque ainda faltam alguns detalhes", disse à agência de notícias Efe.
Além dos 20 reféns mortos no ataque, a maioria deles estrangeiros, dois policiais morreram. E na ação para encerrar o sequestro, os agentes mataram seis dos sete terroristas. Segundo o porta-voz da polícia, os perfis do Facebook, os celulares e os contatos dos terroristas estão sendo analisados.
Procurados pela polícia
As autoridades divulgaram os nomes e as fotografias dos seis homens que foram mortos. O sétimo autor do ataque foi detido e está sendo interrogado. De acordo com o jornal local The Daily Star, cinco dos seis extremistas já eram procurados pelas autoridades do país.
O ataque foi reivindicado não apenas pelo EI, mas também pelo braço da Al Qaeda na Índia. O governo de Bangladesh nega, porém, a presença de qualquer grupo jihadista internacional no país, em particular do "Estado Islâmico".
No mês passado, as autoridades de Bengladesh lançaram uma operação contra jihadistas, prendendo mais de 11 mil pessoas. No entanto, críticos afirmam que as detenções foram arbitrárias ou tiveram como objetivo silenciar opositores políticos.
Dois dias de luto nacional tiveram início neste domingo no país. As bandeiras dos prédios governamentais foram hasteadas a meio mastro, e missas em memória das vítimas foram realizadas. A Itália também está de luto, tendo perdido nove de seus cidadãos entre os reféns, assim como o Japão, que perdeu sete.
LPF/efe/lusa/afp/ap