Berlim deseja "governo estável" aos italianos
12 de abril de 2006O governo federal e os partidos da Alemanha reagiram com discrição ao desfecho provisório da disputa eleitoral na Itália. A premiê Angela Merkel expressou, na quarta-feira (12/04), sua expectativa por um governo "estável e com capacidade de ação" em Roma. Ela evitou, no entanto, tratar o líder da aliança eleitoral de centro-esquerda União, Romano Prodi, diretamente como vencedor do pleito.
A atual impressão em Berlim é a de que a Itália vai permanecer um fator de insegurança na política européia. Ao contrário do que ocorre na Alemanha, uma grande coalizão entre centro-direita e centro-esquerda teria poucas chances de composição na Itália.
Caixas de cédulas extraviadas em Roma
Após a constatação de irregularidades no processo de apuração, o Ministério do Interior em Roma anunciou a recontagem de 82 mil cédulas. Peritos deverão decidir se os votos em questão devem ser realmente anulados ou se podem ser atribuídos a um dos dois candidatos. De acordo com a agência italiana de notícias Ansa, a inspeção também atinge cinco caixas com cédulas válidas encontradas por passantes nas imediações de um contêiner de lixo em Roma, nesta quarta-feira.
Estas inspeções e eventuais recontagens poderiam, teoricamente, reverter o resultado do pleito, considerando que a vantagem de Romano Prodi sobre o candidato da situação, Silvio Berlusconi, é de apenas 25 mil votos.
Grande coalizão fora de questão
Apesar de o premiê Berlusconi ter se recusado a aceitar sua derrota eleitoral, dado o impasse da apuração, Prodi já se pronunciou como o futuro chefe de governo italiano, recebendo congratulações do presidente francês, Jacques Chirac, e do presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.
A proposta que Berlusconi fez à oposição de compor uma grande coalizão já foi descartada de imediato por seu adversário. "Eu é que decidirei quem ocupará os Ministérios", declarou Prodi.
Apesar de a mídia italiana ainda se referir a uma "guerra de nervos" até a divulgação do resultado final das eleições, o vencedor provisório do pleito já aventou nomes para a presidência e para o gabinete. O novo chefe de governo em Roma deverá ser eleito pelos deputados e senadores empossados em breve, a se reunirem pela primeira vez no dia 28 de abril.