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Berlim mantém suspense sobre troca de governo

Geraldo Hoffmann6 de outubro de 2005

Reunião de líderes dos partidos que pretendem formar a grande coalizão adia decisão sobre novo chefe de governo da Alemanha. Schröder ou Stoiber na função de vice-chanceler?

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Schröder e Merkel, 'artistas' do circo do poder na capital alemãFoto: AP

As negociações entre a CDU/CSU e SPD para a formação de um novo governo em Berlim estão virando uma novela de qualidade questionável em termos de suspense. O final do capítulo desta quinta-feira (06/10) já era conhecido do público antes mesmo de ir ao ar.

Pouco antes de se reunir com os líderes do SPD, Franz Müntefering e o atual chanceler federal Gerhard Schröder, e o presidente da CSU, Edmund Stoiber, na capital alemã, a presidente da CDU, Angela Merkel, antecipou que "não espera uma decisão sobre quem assumirá a chefia do governo alemão antes do próximo domingo". Uma afirmação semelhante foi feita por Müntefering: "Até segunda-feira, será definitivamente respondido quem será chanceler federal."

Durante todo o dia, foram veiculados os mais diversos boatos em Berlim. "Schröder seria um bom vice-chanceler", declarou o deputado Stephan Hilsperg, do SPD do Leste alemão, de manhã, ao jornal Freie Presse.

No final da tarde, o próprio Schröder ironizou: "Tem gente querendo que eu seja vice-chanceler ou, talvez, até vice-ministro. Mas é inaceitável que eu vire objeto de negociação nas conversações com a CDU/CSU."

Enquanto os social-democratas parecem começar a admitir o posto da Vice-Chancelaria, a CDU (bancada mais forte do Parlamento) insiste que quer indicar o presidente do Bundestag. Mas como Merkel vê na aliança com o SPD a "coalizão das novas possibilidades", também este posto parece negociável na dança de cadeiras em Berlim.

A vez de Stoiber

Stoiber und Merkel - Panorama
Stoiber (e) aproveita o vácuo de poder provocado pela disputa entre Merkel e SchröderFoto: AP

Enquanto Merkel e Schröder ainda disputam a cadeira de chanceler, o governador da Baviera e presidente da CSU, Edmund Stoiber, já fala como "comandante de um governo da grande coalizão" (Der Spiegel). Ele aproveita o vácuo de poder para tentar ditar a linha a ser seguida pelo futuro governo.

"As tarefas prioritárias de uma coalizão CDU/CSU e SPD são a reforma do federalismo e o saneamento das finanças públicas. Uma reforma do Estado, que permita decisões mais rápidas na Alemanha, é a mãe de todas as reformas", disse.

Fontes ligadas à CSU sinalizam que Stoiber espera ocupar a pasta das Relações Exteriores (que é acumulada pelo vice-chanceler federal) ou a de ministro da Economia ou uma combinação dos dois ministérios.

Berlim paralisada

Ainda que a mídia tenha passado a impressão de uma certa correria na capital alemã, nas horas que antecederam a reunião de sondagem desta quinta-feira, três semanas após a eleição de 18 de setembro, a Alemanha continua paralisada politicamente. Só uma coisa é certa, segundo Merkel: "Haverá uma coalizão entre CDU/CSU e SPD".

O resto é especulação. Inclusive a afirmação do governador da Renânia-Palatinado, Kurt Beck (SPD), para quem "as negociações sobre a grande coalizão podem se arrastar até meados de novembro. A pressa é inimiga da perfeição". Aos eleitores alemães, que já demonstraram sua frustração com os grandes partidos nas urnas, resta esperar. Veja (ou melhor, leia) no próximo capítulo ...