Berlim proíbe guarda-costas de Erdogan na cúpula do G20
25 de junho de 2017Depois dos incidentes violentos durante a visita do presidente turco a Washington, o governo alemão proibiu a presença de alguns dos guarda-costas de Recep Tayyip Erdogan na conferência de cúpula do G20 em Hamburgo, em 7 e 8 de julho.
Segundo o semanário Welt am Sonntag, a medida se dirige a 12 funcionários que teriam atacado manifestantes curdos nos Estados Unidos em meados de maio, e contra os quais a Justiça americana expediu mandado de prisão. Apesar de constarem da lista de acompanhantes de Erdogan, o Ministério do Exterior alemão comunicou a Ancara que eles não devem vir para a Alemanha.
As autoridades de Washington acusam os agentes de segurança turcos de terem investido com violência contra curdos que protestavam diante da embaixada turca. Entre os 12 feridos estava também um policial americano.
Fontes de Berlim asseguram terem sido tomadas medidas para garantir que confrontos desse tipo não ocorram durante a cúpula de julho. Segundo o Departamento Federal de Investigações (BKA), o pessoal de segurança das delegações nacionais possui "unicamente direitos de legítima defesa", mas não prerrogativas policiais.
O secretário do Interior de Hamburgo, Andy Grote, declarou ao Welt am Sonntag que nas ruas da cidade hanseática só quem tem autoridade é a polícia e "mais ninguém". Isso inclui também "expressamente" o pessoal de segurança estrangeiro.
Temor de choques entre nacionalistas e esquerdistas turcos
Por outro lado, o Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha antecipa choques entre os adeptos e os adversários de Erdogan, cuja visita a Hamburgo acarretará uma "mobilização de protesto". Nesta, estarão cooperando não só ultraesquerdistas alemães, mas também "extremistas de esquerda turcos e sobretudo grupos curdos, com o PKK à frente", noticiou o semanário alemão.
Além disso, a presença de representantes da Turquia no G20 deverá mobilizar os quadros nacionalistas pró-governo turco na Alemanha. "Curdos poderão atacar nacionalistas turcos e vice-versa", comentou um especialista alemão em segurança interna ao Welt am Sonntag.
No início deste ano, o presidente do Departamento de Proteção à Constituição, Hans-Georg Maassen, alertara que os conflitos na Turquia também influenciam a situação de segurança na Alemanha. Ele vê o perigo de que escalem no país os "conflitos por procuração" entre adeptos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), proibido na Turquia, e nacionalistas turcos.
AV/afp,dpa