Björk no museu
Em uma viagem ao longo da carreira de "Björk", a retrospectiva no MoMA de Nova York mostra por que a música da excêntrica islandesa ganhou espaço no renomado museu.
Arte multidisciplinar
De 8 de março a 7 de junho, Björk ganha uma extensa retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York. Depois de um passeio pela carreira da cantora, fica fácil entender como a islandesa conseguiu, com sua música, conquistar espaço no renomado museu e na história da arte.
Início precoce
Nascida em Reykjavík em 1965, Björk começou a estudar piano e flauta aos seis anos. Aos onze, ela gravou seu primeiro álbum, com composições folclóricas e versões em islandês de grandes sucessos. Durante a adolescência, ela fez parte de diversas bandas punk, até formar o The Sugarcubes em 1986. Especialmente pelos vocais de Björk, a banda alcançou sucesso no circuito alternativo internacional.
Desde o primeiro álbum
Com o fim do The Sugarcubes em 1993, a cantora se mudou para Londres e começou a trabalhar em seu primeiro álbum com o produtor Nelle Hooper. Concebida e organizada pelo curador Klaus Biesenbach e pela própria artista, a cronológica retrospectiva no MoMA começa com o lançamento de "Debut" em 1993 e vai até seu mais recente trabalho "Vulnicura", lançado no começo de 2015.
Grandes parcerias
"Debut" marcou a independência de Björk como artista solo. Musicalmente, o disco traz uma mistura de pop com toque islandês e a efervescente música eletrônica britânica da época. O disco também marcou o início da parceria de Björk com artistas visuais inovadores, como o cineasta Michel Gondry. Um conceito levado à perfeição pela cantora em seu segundo disco, "Post", lançado em 1995.
Sonoro e visual
Como poucos artistas, Björk (na foto com o filho Sindri) criava uma viagem visual para cada um de seus singles, em parcerias com cineastas, fotógrafos e designers. O fotógrafo Jean-Baptiste Mondino é responsável pela capa de "Debut" e pelo vídeo de "Violently Happy". Stéphane Sednaoui criou a capa de "Post", onde a cantora usa uma roupa de papel feita por Hussein Chalayan, exposta no MoMA.
Além da cultura popular
Em seus discos seguintes, Björk levou ao extremo a música eletrônica e começou a trabalhar com elaboradas orquestrações. "Homogenic" (1997) é uma viagem pelas paisagens sentimentais da Islândia e conta com a parceria do estilista Alexander McQueen. A ousadia sonora do discos se desdobrou em um labirinto de minimalismo eletrônico e complexas composições de seu próximo álbum, "Vespertine" (2001).
Relacionamento conceitual
A relação de Björk com o artista americano Matthew Barney tornou o trabalho da cantora mais conceitual. "Medúlla" (2004) é um álbum quase todo construído em cima de vocais. Para criar os sons dos discos, Björk processou essas vozes para criar as canções. O disco contou com a participação de Mike Patton, do lendário Robert Wayatt, dos artistas de beatbox Rahzel e Dokaka, além de diversos coros.
Rave política
Apesar da complexidade de sua música, Björk também trabalhou com grandes nomes da música pop. Ela escreveu "Bedtime Stories" para Madonna. Seu disco "Volta" (2007) teve canções produzidas por Timberland. Com sonoridade agressiva e forte mensagem política, o disco ficou marcado por uma extensa turnê, em que Björk brincou com o potencial sonoro e visual de suas apresentações ao vivo.
Cinema e moda
Além da música, Björk também estrelou o filme "Dançando no escuro" (2010) de Lars Von Trier, pelo qual ganhou prêmio de melhor atriz em Cannes. Ela se apresentou no Oscar em 2001 com o icônico vestido de cisne, criado por Marjan Pejowski. A peça está exposta no MoMA ao lado da roupa tribal mongol, que ela usou no vídeo de "Wanderlust" (foto), e de criações de McQueen e Iris van Herpen.
Música em outros formatos
O delicado "Biophila" (2011) foi composto como álbum conceitual durante a crise financeira que devastou a Islândia e explora as conexões entre a natureza, a música e a tecnologia. Mais do que um disco, "Biophila" foi um ambicioso projeto multimídia, lançado também em forma de um aplicativo interativo, com animações e jogos que complementavam as canções, que tratavam de meio ambiente e do universo.
Coração aberto
Depois de álbuns com forte apelo conceitual, a islandesa abriu seu coração em "Vulnicura" (2015). Marcada pelo fim de seu relacionamento com Barney, Björk criou orquestrações contemplativas para ilustrar letras diretas e cheias de sofrimento. Com a ajuda do jovem produtor venezuelano Arca, as batidas eletrônicas sobrepostas marcam o retorno de Björk à vanguarda da música pop.
Lago negro
Criada especialmente para a retrospectiva do MoMA e dirigida por Andrew Thomas Huang, a vídeoinstalação "Black Lake" é uma viagem visual e auditiva dentro de uma das mais emocionais músicas de "Vulnicura". Com uma experiência de muitas camadas musicais e visuais, "Björk" está em cartaz no MoMA de Nova York até 7 de junho de 2015.
Com mais de 30 anos de carreira, Björk se tornou um ícone da música alternativa. Sua arte multidisciplinar e complexas canções pop podem ser vistas em uma extensa retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York. Percorrendo a diversidade de sua carreira, entende-se por que a música da islandesa ganhou espaço no renomado museu.