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Blatter fracassa, e palestinos mantêm pressão sobre a Fifa

Daniela Cheslow, da Cisjordânia (rpr)21 de maio de 2015

Cartola deixa Oriente Médio sem acordo com palestinos, que insistem em levar adiante plano de suspender israelenses do futebol mundial. Votação no congresso anual da entidade pode manchar festa de reeleição do suíço.

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Na Cisjordânia, Blatter solta uma pomba, observado por Rajoub (centro) e outros dirigentes palestinosFoto: Getty Images/AFP/A. Momani

Uday Kharoub cresceu chutando bola nos campos de terra de Qalqilya, na Cisjordânia. Quando fez 20 anos, foi convocado para jogar, ao lado do irmão, na seleção palestina. Mas, apesar de ser um jogador registrado na Fifa, ele diz ser frequentemente parado por soldados israelenses quando tenta atravessr a fronteira para treinos ou partidas. "Você nunca sabe o que está se passando na cabeça dos soldados", afirma Kharoub, de 21 anos.

Agora os jogadores palestinos, como ele, resolveram jogar na ofensiva. O presidente da federação de futebol local, Djibril Rajoub, promete seguir adiante com o plano de levar à Fifa uma votação para suspender Israel da instituição. Nem a visita do presidente da Fifa, Joseph Baltter, ao Oriente Médio parece ter sido suficiente para demover Rajoub da ideia, parte de uma ampla campanha palestina em entidades internacionais em busca de reconhecimento.

Blatter: "Todos vão perder"

A votação está prevista para 29 de maio, dia do congresso anual da Fifa. Rajoub pede que Israel seja suspenso até que os jogadores palestinos tenham liberdade de trânsito e que as restrições à importação de equipamentos esportivos sejam relaxadas. "Nós vamos manter a proposta na nossa agenda para uma discussão aberta e sincera", disse Rajoub. "Não pode haver restrições ao movimento livre de nossos atletas e funcionários."

Em entrevista coletiva numa academia de futebol que leva o nome de Blatter, Rajoub mostrou imagens de soldados israelenses invadindo uma partida e prendendo um juiz palestino registrado na Fifa. Ele mostrou também fotos de Mohammad al-Qatari, jogador palestino morto durante um protesto do lado de fora da academia, em 2014. E lembrou antigas decisões da Fifa, como a de suspender a seleção sul-africana durante o regime do apartheid.

Palästina Fußball Nationalmannschaft
Palestinos durante treino na Coreia do Sul, para um torneio: eles alegam não terem liberdade de circularFoto: picture-alliance/AP/Rajshekhar Rao

Enquanto Rajoub falava de forma agressiva, Blatter tentava pôr panos quentes. O cartola lembrou que três quartos dos 209 membros da Fifa têm que votar a favor para que Israel seja suspenso, um resultado que considera improvável. "Ser houver uma votação, será uma situação em que todos vão perder", afirmou. "Temos que tentar evitar isso."

Na visita de Blatter estiveram presentes mais de 20 jogadores palestinos, vestidos com uniforme todo vermelho, apenas com oliveiras em relevo na altura do peito. O técnico da seleção, Nouredine Ouldali, disse que precisa manter três listas de potenciais convocados para o caso de atletas serem detidos ou impedidos de transitar nas fronteiras.

Amistoso descartado

O presidente executivo da Associação Israelense de Futebol, Rotem Kamer, chamou a iniciativa palestina como cínica. "É uma clara mistura de política e futebol, algo que não deveria ter lugar no congresso da Fifa", disse. "Acreditamos que o futebol deve ser usado como uma ponte para unir as pessoas na nossa região."

O problema pode ofuscar a provável festa da reeleição de Blatter – a escolha do novo presidente da Fifa também está marcada para 29 de maio. O dirigente não quer que uma querela relacionada ao conflito no Oriente Médio estrague a sua festa.

Mas Blatter deixou o Oriente Médio sem ter conseguido consenso. Ele sugeriu que israelenses e palestinos realizem uma "partida da paz" para resolver suas diferenças – uma ideia que Rajoub, seu amigo pessoal, rejeitou prontamente.

"Resolver o problema significa terminar com o sofrimento de nossos atletas e funcionários", disse Rajoub. "Todo mundo está perguntando sobre a realização de um jogo amistoso. Mas isso deveria ser a última coisa a ser feita, temos que abrir caminho antes, preparar o ambiente para isso."