Bloqueio político perto do fim na Alemanha
4 de fevereiro de 2018O bloqueio político na Alemanha, há quatro meses regida por um governo interino, pode estar perto do fim, diante da possibilidade de os conservadores, liderados pela chanceler federal Angela Merkel, chegarem a um acordo com os social-democratas de Martin Schulz.
Este domingo (04/02) havia sido dado como data-limite para o fim das negociações, mas as partes envolvidas decidiram estender as conversas até segunda-feira. O importante, disse Schulz, é deixar temas em que há diferenças bem amarrados, de modo a formar um governo estável.
A Alemanha nunca ficou tanto tempo sem governo depois de uma eleição parlamentar. Esta é a segunda tentativa de Merkel de formar uma coalizão, depois do fracasso das negociações com os liberais e os verdes, no fim de novembro.
O SPD, parceiro de coalizão na última legislatura, é tido como a última cartada da chanceler federal em busca de um quarto mandato. Um fracasso poderia forçar os alemães a voltarem às urnas – algo que nunca aconteceu – e decretar o fim da era Merkel.
Os partidos já chegaram a acordos em temas-chave, como política energética, agricultura e a questão do reagrupamento de refugiados com familiares que ficaram para trás. Mas ainda falta consenso em assuntos como a reforma do sistema de saúde.
Um dos pontos centrais são os planos de saúde. O Partido Social-Democrata (SPD) quer ao menos dar início a um processo que acabe com a divisão entre planos públicos e privados na Alemanha, em favor de um sistema público e unificado. Os conservadores são contra – mas já mostraram concordar com melhorias para quem tem planos públicos.
Ambos os lados, porém, estão relutantes em fazer concessões, diante do medo de perderem ainda mais apoio político – os dois maiores partidos da Alemanha viram seu eleitorado ser reduzido na eleição de setembro, em meio à ascensão dos populistas de direita.
Qualquer acordo, além disso, precisará ser aprovado pelos partidos em conferência, e os social-democratas ainda se mostram divididos sobre a participação em uma nova "grande coalizão", como é chamada na Alemanha tal aliança.
Independente do resultado, lideranças políticas insistem que a Alemanha não enfrenta nem enfrentará uma crise - o governo segue, de forma interina, funcional. Mas o eleitorado alemão dá sinais claros de enfado.
Uma pesquisa de opinião publicada pela emissora alemã ARD na quinta-feira (01/02) mostrou que 51% dos entrevistados consideram positivo um quarto mandato de Merkel, enquanto 46% o veem de forma negativa.
O índice de aprovação é cerca de 20 pontos percentuais menor do que o registrado seis meses atrás, uma provável consequência das dificuldades que Merkel enfrenta para formar uma coalizão. Segundo a pesquisa, 71% disseram estar perdendo a paciência com a demora para a formação de governo.
_______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App