Boric concede indulto a 12 condenados após protestos de 2019
31 de dezembro de 2022O presidente do Chile, Gabriel Boric, concedeu nesta sexta-feira (30/12) indulto a 12 pessoas ligadas aos protestos generalizados contra a desigualdade que eclodiram no país 2019, conhecidos como estallido social.
As manifestações foram reprimidas violentamente pelo então governo de direita de Sebastián Piñera. Cerca de 30 pessoas morreram e 400 ficaram gravemente feridas por balas de borracha.
A onda de insatisfação popular culminou em um plebiscito que decidiu que o país deveria formular uma nova Constituição – cuja proposta apresentada nesta ano foi rejeitada em referendo.
Grupos e organizações políticas vinham pedindo a libertação das pessoas que haviam sido presas e acusadas por atos relacionados aos protestos.
Boric, um ex-líder estudantil de esquerda que participou dos atos de 2019, havia prometido em sua campanha que concederia indulto a alguns dos condenados por crimes menos violentos ligados aos protestos.
"É uma decisão difícil, mas que tomo pelo bem da pátria. Temos que curar essas feridas, vivemos um processo que foi tremendamente complexo, e este são jovens que não são delinquentes", afirmou o presidente chileno.
A lista dos indultados inclui pessoas de 21 a 38 anos envolvidas em vários crimes, como saque, roubo, manuseio de coquetéis Molotov e outros.
A iniciativa foi celebrada por seus aliados políticos, como a senadora Fabiola Campillai, que ficou cega durante os protestos antes de concorrer ao cargo e definiu o indulto como "ato humanitário".
Boris também apresentou em março ao Congresso um projeto de lei para anistiar presos durante os protestos por crimes como agressão a policiais, posse de armas artesanais, dano ao patrimônio público e saques a propriedades privadas. Em março deste ano, mais de 200 pessoas estavam presas por crimes ligados aos protestos.
Crítica da oposição
Os indultos provocaram tensão política e indignação da coalizão de direita Chile Vamos, que saiu de uma mesa de negociações sobre segurança pública e anunciou uma ação judicial contra a ministra da Justiça, Marcela Ríos.
"É um tapa na cara de todos os chilenos que querem mais segurança", disse o senador de direita Gonzalo de la Carrera, no Twitter. Ele afirmou que a iniciativa atrapalhava as negociações em andamento para criar um Conselho Nacional de Segurança.
"Sabia que isto, obviamente, iria gerar reações. Peço à oposição que em questões como, por exemplo, o combate ao crime em nosso país, coloquemos as pessoas à frente de quaisquer disputas políticas que possamos ter", disse Boric.
O presidente chileno também indultou nesta sexta-feira o membro de um grupo radical de esquerda, Jorge Mateluna, de 48 anos, que havia sido condenado a 16 anos de prisão por participar de um assalto a um banco em Santiago em junho de 2013 – o que ele nega.
bl (Reuters, Efe, ots)