Brasil assume compromisso de descarbonização da economia
20 de agosto de 2015A presidente Dilma Rousseff declarou nesta quinta-feira (20/08), em coletiva de imprensa sobre as Consultas de Alto Nível Brasil-Alemanha, que o Brasil realizará uma descarbonização da economia até 2100. A proposta, anunciada pelo G7 em junho, significa reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, realizando uma transição para uma economia baseada em energias limpas.
"A declaração conjunta que adotamos reflete o nosso compromisso com o êxito da reunião da COP 21[Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas] em Paris, em dezembro. Se queremos evitar que a temperatura aumente dois graus [Celsius], o nosso compromisso com a descarbonização no horizonte de 2100 é algo muito importante para todo o planeta", disse Dilma.
A presidente também se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. No mesmo prazo, o Brasil também pretende restaurar e recuperar 12 milhões de hectares de floresta e neutralizar as emissões de carbono associadas ao desmatamento na Amazônia. Tais metas já haviam sido anunciadas durante a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, em 2011.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, elogiou as medidas. "Estou muito satisfeita que temos uma agenda tão ambiciosa para a questão do clima". Ela acrescentou que todos os países devem fazer "aquilo que é possível” para limitar o aquecimento global. "O Brasil deu um enorme passo, e temos um objetivo comum de descarbonização da economia até o fim do século. Isso deve encorajar outros países a serem mais audaciosos", disse a chanceler federal.
Merkel destacou ainda sua atuação como ministra do meio ambiente e a importância da participação do Brasil nas negociações sobre o meio ambiente, como "o país com a maior biodiversidade do mundo". A chanceler federal também anunciou a criação de um fundo de 500 milhões de euros para programas de eficiência energética e ações contra o desmatamento no Brasil.
Merkel e Dilma defendem reforma na ONU
No encontro, ambos os chefes de governo também defenderam a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Concordamos que a reforma é tarefa inadiável e, no marco dos 70 anos da ONU, defendemos o quanto antes o início das negociações efetivas para tornar o conselho mais representativo do mundo multipolar no qual vivemos", disse Dilma, após as reuniões.
Ela afirmou que o G4, que apoia a reforma, vai se reunir antes da Assembleia Geral da ONU, em setembro, para debater o assunto.
Depois da coletiva, a chanceler federal alemã reiterou o discurso de Dilma no brinde em almoço no Palácio Itamaraty. "Estamos preparados para assumir mais responsabilidades na reconfiguração do Conselho de Segurança", afirmou.
O encontro governamental também debateu outros temas relacionados à ONU, como a governança na Internet e a cooperação em missões de paz. "Conversamos ainda sobre a evolução da governança na internet e a importância de se assegurar o direito à privacidade na era digital. Alemanha e Brasil foram pioneiros e bem-sucedidos ao trazerem o tema para o centro da agenda internacional e ser responsáveis pela aprovação da resolução sobre essa matéria", disse Dilma.
Na quinta-feira de manhã, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, se reuniu com o vice-ministro da Defesa alemã, Ralf Brauksiepe, e assinaram uma declaração conjunta. O documento diz que os governos vão se esforçar para promover ações conjuntas em operações de paz e de ajuda humanitária da ONU, em especial na África. A declaração também indica uma cooperação nas áreas de segurança e defesa cibernética.
Alemanha quer segurança jurídica e tributária no Brasil
Além disso, após uma série de reuniões distribuídas pela Esplanada dos Ministérios, o vice-ministro das Finanças da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que o país deseja que mais empresas alemãs invistam no Brasil, mas que, por enquanto, a indústria alemã necessita de mais segurança jurídica e informações sobre a legislação tributária.
Dilma também aproveitou o encontro com um dos principais líderes europeus para comentar a renúncia apresentada pelo premiê grego, Alexis Tsipras. "A renúncia faz parte não de uma crise, mas de uma solução — foi isso que a chanceler [federal alemã] me disse", afirmou Dilma. "Faz parte de uma solução. Ele vai recompor o governo dele e , por isso, renunciou."
Ao longo da visita de Merkel a Brasília, o histórico resultado de 7 a 1 entre as seleções na Copa do Mundo de 2014 foi lembrado pela presidente brasileira. Dilma aproveitou para presentear a chanceler federal alemã com mascotes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, convidando Merkel a retornar ao Brasil em 2016.