Brasil e Rússia fecham acordos bilaterais
14 de julho de 2014Em reunião preliminar à 6ª Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza, a presidente brasileira, Dilma Rousseff e seu homólogo russo, Vladimir Putin, reforçaram parcerias em Brasília, nesta segunda-feira (14/07). Além de áreas estratégicas, como defesa, tecnologia e energia, também foram debatidas a organização da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, além das atuais situações de conflito no mundo.
No centro das negociações, segundo Dilma Rousseff, está o interesse em "aumentar e diversificar" a cooperação econômica entre as duas nações, com o objetivo de alcançar o patamar de 10 bilhões de dólares ao ano em trocas comerciais. Segundo dados oficiais, a corrente de comércio entre os dois países fechou 2013 em 5,6 bilhões de dólares.
"O plano de ação da cooperação econômica servirá para desenvolvermos iniciativas que possibilitem o aumento recíproco de investimentos diretos", declarou Rousseff, após a reunião. Para Vladimir Putin, os acordos de cooperação institucionais e comerciais são reflexo da boa relação que a Rússia tem como Brasil, que é o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina, como lembrou o presidente.
Dilma acrescentou que ambos discutiram a vontade em concluir a Cúpula do Brics, esta semana, com resultados práticos, principalmente coma criação do novo Banco de Desenvolvimento e de um contingente de reservas.
Defesa, ciência, transporte e energia
Na área de defesa, os dois países se comprometeram a uma cooperação para formação de militares e para defesa antiaérea, incluindo negociações para compra, pelo Brasil, de unidades de defesa russas nessa modalidade.
"Buscamos com a Rússia uma relação de longo prazo e com benefícios múltiplos", disse Dilma. "Nossos países estão entre os maiores do mundo e não podem se contentar com dependências de qualquer espécie", completou, ao justificar o interesse em mecanismos de defesa antiaérea. "É essencial que busquemos nós mesmos nossa autonomia cientifica e tecnológica."
No âmbito dos transportes, foi assinado um termo de compromisso para troca de serviços aéreos, além de cooperação na área de transporte ferroviário. Também foi estabelecida uma parceria para estudar opções de exploração de gás no Projeto Solimões.
Entidades educacionais dos dois lados também assinaram acordo para instalação do Sistema Glonass de navegação por satélite (em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e no Instituto de Tecnologia de Pernambuco), além de parceria (envolvendo o Instituto Butantan) para desenvolvimento de vacinas contra difteria, tétano e meningite, entre outras doenças.
Conflitos e Copa do Mundo
Na declaração à imprensa, não houve referência direta à crise entre a Rússia e a Ucrânia que, nos últimos dias, se agravou após um projétil atingir duas casas, matando uma pessoa na Rússia. Porém os dois presidentes deram destaque ao papel que organismos internacionais – principalmente a Organização das Nações unidas (ONU) – devem desempenhar em casos de conflito.
Falando de "conflitos em várias partes do planeta", Dilma Rousseff defendeu uma "resolução consensual e pacífica" dessas crises e cumprimentou "o esforço russo em relação à Síria e, em especial, ao Oriente Médio". Na mesma linha, Putin avaliou, sem entrar em detalhes, que o Brasil e a Rússia compartilham posições semelhantes em várias questões internacionais e também disse reconhecer "papel central que deve desempenhar a ONU".
Próxima sede do Mundial e tendo recentemente sediado os Jogos Olímpicos de Inverno, a Rússia, segundo Putin, irá trocar experiências sobre organização de grandes eventos com o Brasil.
"Sabemos quão alto foi o nível de organização da Copa do Mundo do Brasil, e que foram necessários grandes esforços financeiros e de organização", disse o chefe do Kremlin. Por sua vez, Dilma Rousseff elogiou a organização russa dos Jogos de Inverno em Sochi e finalizou desejando sorte aos próximos anfitriões da Copa.