Brasil perto da 1ª vacina contra esquistossomose
24 de março de 2014
Dentro de três anos, o Brasil pode ser o primeiro país do mundo a lançar uma vacina contra a esquistossomose. O projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está em fase final de testes e pode ser fundamental no combate a uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta mais de 240 milhões de pessoas no mundo.
Atualmente a Fiocruz está organizando a última etapa de teste em humanos, que prevê a vacinação de crianças de 9 e 10 anos em áreas endêmicas. Essa fase está prevista para começar ainda neste ano e deve ocorrer em duas regiões da África e duas do Brasil, provavelmente na Bahia.
Essa última etapa deve durar um ano e meio. Após ela, os resultados serão analisados e, em seguida, a vacina deve ser liberada. Estima-se que mais de 700 milhões de pessoas vivam em áreas endêmicas no mundo.
Segundo Miriam Tendler, pesquisadora chefe do Laboratório Esquistossomose Experimental do Instituto Oswaldo Cruz, durante anos a prioridade em programas de doenças parasitárias era o tratamento com medicamentos, mas não o desenvolvimento de vacinas para evitar sua transmissão.
Para a pesquisadora, havia falta de interesses dos países desenvolvidos, que tinham as patentes de remédios usados nesses tratamentos, em pesquisar soluções efetivas para o controle das doenças.
"Os países endêmicos serviam para usar e não desenvolver a tecnologia. A vacina da esquistossomose é um divisor de águas muito importante, além de ser uma questão política e estratégica extremamente importante para nós", afirma Tendler.
Antes de chegar à atual etapa de teste, a pesquisa passou por uma fase experimental, pelo escalonamento do processo de produção, ou seja, a avaliação da viabilidade de produção em escala industrial dos experimentos realizados em laboratório. Já foram feitos também os primeiros testes em humanos.
Proteína decisiva
Segundo Tendler, todas essas etapas foram bem sucedidas, e a primeira fase de teste em humanos comprovou a segurança e eficácia de proteção contra a doença. "A vacina está na fase 2, mas muito avançada no desenvolvimento, considerando que é uma vacina inovadora", reforça.
Para a produção da vacina, os pesquisadores utilizaram a proteína Sm14 – obtida a partir do agente causador, o Schistosoma mansoni, e descoberta e patenteada pela Fiocruz. A Sm14 pertence à família de proteínas ligadoras de ácidos graxos, que se unem a lipídios.
"Os helmintos dos vermes não conseguem sintetizar sozinhos os lipídios, por isso eles precisam dos hospedeiros. Então, ela é molécula vital para a manutenção dos helmintos no corpo do hospedeiro, quando isso é neutralizado com uma vacina, o helminto não consegue sobreviver", explica Tendler.
A pesquisadora reforça que essa proteína está presente em todas as fases do ciclo evolutivo do parasita. Dessa maneira, a vacina não permite que a doença evolua.
Doença negligenciada
A esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, é uma doença parasitária que faz parte do grupo de doenças chamadas de negligenciadas – aquelas que recebem pouco financiamento e investimentos por parte da indústria de medicamentos.
Ela é uma doença relacionada à pobreza e à falta de esgoto e saneamento básico. Sua transmissão acontece através do contato com água contaminada, que ocorre quando fezes de humanos infectados, o hospedeiro definitivo, são lançadas nesses locais.
Ao entrar em contato com a água doce, os ovos do parasita eclodem e liberam larvas, que se alojam em caramujos, os hospedeiros intermediários. Quando o homem entra em contato com locais contaminados, as larvas penetram na pele e nas mucosas.
As larvas adultas vivem no sistema venoso, no trato urinário e nos intestinos. Seus sintomas na fase aguda são coceiras, dermatites, febre, falta de apetite, tosse, diarreia, enjoos e vômitos.
A doença pode evoluir para uma fase mais grave, na qual ocorre o aumento do fígado e do baço, além de hemorragias provocadas por rompimentos de veias do esôfago e da dilatação do abdômen. Se não tratada, a esquistossomose pode levar à morte.
Dentro de três anos, o Brasil pode ser o primeiro país do mundo a lançar uma vacina contra a esquistossomose. O projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está em fase final de testes e pode ser fundamental no combate a uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta mais de 240 milhões de pessoas no mundo.
Atualmente a Fiocruz está organizando a última etapa de teste em humanos. que prevê a vacinação de crianças de 9 e 10 anos em áreas endêmicas. Essa fase está prevista para começar ainda este ano e acontecer em duas regiões da África e duas do Brasil, provavelmente na Bahia.
Essa etapa deve durar um ano e meio. Após ela, os resultados serão analisados e, em seguida, a vacina deve ser liberada. Estima-se que mais de 700 milhões de pessoas vivam em áreas endêmicas no mundo.
Segundo Miriam Tendler, pesquisadora chefe do Laboratório Esquistossomose Experimental do Instituto Oswaldo Cruz, durante anos a prioridade em programas de doenças parasitárias era o tratamento com medicamentos, mas não o desenvolvimento de vacinas para evitar sua transmissão.
Para a pesquisadora, havia falta de interesses dos países desenvolvidos, que tinham as patentes de remédios usados nesses tratamentos, em pesquisar soluções efetivas para o controle das doenças.
"Os países endêmicos serviam para usar e não desenvolver a tecnologia. A vacina da esquistossomose é um divisor de águas muito importante, além de ser uma questão política e estratégica extremamente importante para nós", afirma Tendler.
Antes de chegar à atual etapa de teste, a pesquisa passou por uma fase experimental, pelo escalonamento do processo de produção, ou seja, a avaliação da viabilidade de produção em escala industrial dos experimentos realizados em laboratório. Já foram feitos também os primeiros testes em humanos.
Proteína decisiva
Segundo Tendler, todas essas etapas foram bem sucedidas, e a primeira fase de teste em humanos comprovou a segurança e eficácia de proteção contra a doença. "A vacina está na fase 2, mas muito avançada no desenvolvimento, considerando que é uma vacina inovadora", reforça.
Para a produção da vacina, os pesquisadores utilizaram a proteína Sm14 – obtida a partir do agente causador, o Schistosoma mansoni, e descoberta e patenteada pela Fiocruz. A Sm14 pertence à família de proteínas ligadoras de ácidos graxos, que se unem a lipídios.
"Os helmintos dos vermes não conseguem sintetizar sozinhos os lipídios, por isso eles precisam dos hospedeiros. Então, ela é molécula vital para a manutenção dos helmintos no corpo do hospedeiro, quando isso é neutralizado com uma vacina, o helminto não consegue sobreviver", explica Tendler.
A pesquisadora reforça que essa proteína está presente em todas as fases do ciclo evolutivo do parasita. Dessa maneira, a vacina não permite que a doença evolua.
Doença negligenciada
A esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, é uma doença parasitária que faz parte do grupo de doenças chamadas de negligenciadas – aquelas que recebem pouco financiamento e investimentos por parte da indústria de medicamentos.
Ela é uma doença relacionada à pobreza e à falta de esgoto e saneamento básico. Sua transmissão acontece através do contato com água contaminada, que ocorre quando fezes de humanos infectados, o hospedeiro definitivo, são lançadas nesses locais.
Ao entrar em contato com a água doce, os ovos do parasita eclodem e liberam larvas, que se alojam em caramujos, os hospedeiros intermediários. Quando o homem entra em contato com locais contaminados, as larvas penetram na pele e nas mucosas.
As larvas adultas vivem no sistema venoso, no trato urinário e nos intestinos. Seus sintomas na fase aguda são coceiras, dermatites, febre, falta de apetite, tosse, diarreia, enjoos e vômitos.
A doença pode evoluir para uma fase mais grave, na qual ocorre o aumento do fígado e do baço, além de hemorragias provocadas por rompimentos de veias do esôfago e da dilatação do abdômen. Se não tratada, a esquistossomose pode levar à morte.