Brasil supera marca de mil mortes por covid-19 em 24 horas
20 de maio de 2020O Brasil voltou a bater seu recorde de registro de mortes por covid-19 em um período de 24 horas. Nesta terça-feira (19/05), o país contabilizou 1.179 óbitos, elevando o total para 17.971, segundo o Ministério da Saúde.
No mundo, apenas os EUA, Reino Unido, China e França chegaram a contabilizar mais de mil mortos em um dia, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins. Espanha e Itália chegaram a registrar números próximos de mil por dia em março e abril.
O recorde anterior no Brasil havia sido de 881 mortes em 12 de maio, também uma terça-feira. Normalmente, esse dia da semana costuma concentrar mais óbitos com a inclusão de dados do fim de semana anterior. Na segunda-feira, o país havia registrado 674 óbitos.
Mais de 10 mil das 17.971 mortes foram contabilizadas em maio. O país registrou sua primeira morte por coronavírus em 17 de março.
O número de casos confirmados da doença também saltou de 254.220 para 271.628, com 17.408 novos registros nas últimas 24 horas – outro recorde diário. O país vem registrando mais de 10 mil novos casos por dia desde 8 de maio. Ainda segundo o ministério, 106.794 pessoas já se recuperaram.
Os números brasileiros, no entanto, provavelmente são bem mais altos. Entre os dez países com mais casos confirmados da doença, o Brasil é o que, proporcionalmente, menos testa a população.
O crescimento acentuado de mortes nos últimos dez dias já havia levado o país a ultrapassar a Bélgica em número de mortes e passar a ocupar a sexta posição entre os países com mais óbitos por covid-19, atrás apenas dos EUA, Reino Unido, Itália, Espanha e França.
Nesta terça-feira, dois estados brasileiros também bateram recordes diários no número de mortes. São Paulo registrou 324 novas mortes em um dia e ultrapassou a marca de 5 mil óbitos. No Rio de Janeiro, foram registradas 227 mortes – o estado já conta mais de 3 mil mortes pela doença.
Já o total de casos registrados nos últimos dias também levou o país passar a ocupar a terceira posição mundial em número de testes com resultados positivos, atrás apenas dos EUA e da Rússia.
O novo pico diário no número de mortes coincide com a ausência de um titular no Ministério da Saúde. O posto está vago desde a última sexta-feira, depois do pedido de demissão de Nelson Teich, que permaneceu apenas 27 dias no cargo. Desde então, o posto vem sendo ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que já ocupava a função de número dois do ministério.
Teich pediu demissão por discordar do presidente Jair Bolsonaro, que vem minimizando a pandemia, atacando medidas de isolamento social e defendendo a adoção ampla da cloroquina no tratamento da covid-19 – mesmo sem estudos que atestem sua eficácia.
No dia 12 abril, o presidente chegou a afirmar que o vírus parecia "estar começando a ir embora". Naquele dia, o país registrava 1.223 mortes. "Parece que está começando a ir embora a questão do vírus", disse.
Há exatamente um mês, Bolsonaro participou em Brasília de um ato antidemocrático de apoiadores que pediam o fechamento do Congresso. Na ocasião, a presença do presidente provocou aglomerações. Naquele dia, o país registrava 2.462 mortes por covid-19. No dia seguinte, ao ser questionado por um jornalista sobre o número de mortes, o presidente disse "eu não sou coveiro, tá certo?".
JPS/ots
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