Brasileira de biquíni causa polêmica em Munique
8 de junho de 2016Diante do prédio da prefeitura na praça Marienplatz, famoso ponto turístico de Munique, a supermodelo Adriana Lima posa de biquíni num outdoor de 114 metros quadrados. Mas não é o olhar sexy que chama a atenção: seu traje deu o que falar desde a terça-feira (07/06), quando a peça foi instalada.
O jornal alemão Süddeutsche Zeitung publicou matéria contando como turistas têm tirado selfies com a imagem, enquanto moradores, guias turísticos e o conselho municipal de equiparação entre os sexos registraram queixas contra o anúncio com a brasileira "seminua".
Instalado diante de um edifício em obras, o anúncio da marca italiana de lingerie e moda praia Calzedonia já foi acusado de "machista" e "monstruoso". A previsão é que o outdoor fique no local até 15 de outubro.
A modelo Adriana Lima, de 34 anos, é baiana de Salvador e faz parte do time de angelsda grife Victoria Secret. Favoráveis ou críticos, os olhares dos passantes se dividem entre o famoso carrilhão do século 19 da praça e sua fotografia, clicada por Russell James em Nova York para a campanha de verão da cadeia de lojas presente em vários países europeus.
A controvérsia ocorre em meio ao debate sobre anúncios sexistas levantando pelo ministro da Justiça do país, Heiko Maas, que propôs uma lei para proibir publicidade que trate homens e mulheres como objetos sexuais.
Ruim para a imagem da cidade?
A prefeita de Munique, Christine Strobl, pondera sobre a propaganda postada bem diante da janela de seu gabinete na prefeitura: "Já vi publicidades mais antifeministas, mas comercial de biquíni num local símbolo da cidade não é bom." No entanto, "até onde estou informada, não podemos fazer nada contra o anúncio".
Para Franz Kotteder, do Süddeutsche Zeitung, o maior problema é a imagem urbana muniquense, não o eventual sexismo envolvido. "Quem atravessa agora a Marienplatz é recordado dos velhos filmes japoneses de Godzilla", descreve o comentarista. Ao contrário do réptil gigante, a supermodelo "não causa destruições reais, mas para o visual da praça ela é devastadora".
O jornal informa que a empresa que comercializou o espaço seguiu todas as regras: eles não podem divulgar partidos políticos, pornografia ou imagens violentas, e o tamanho está dentro do que foi autorizado. Só que "um biquíni, afinal, não é uma burca".
O conselho de equiparação da capital bávara também pretende mandar uma carta à empresa. "Mas essa ação é trabalhosa e não será levada muito a sério", lamenta a deputada Lydia Dietrich, do Partido Verde. Ela critica o tamanho, a localização e a mensagem do outdoor: "Ele ensina às meninas: vocês devem ser o mais magras possível, quase anoréxicas."
TAM/sz/ots