Brasil x Portugal
25 de junho de 2010Quando o assunto é futebol, o coração brasileiro bate mais forte em qualquer lugar do mundo. Mas não somente o brasileiro, também o alemão, o holandês, o português. Nesta sexta-feira, representantes das torcidas lusitana e brasileira se reuniram em Bonn, na Alemanha, para acompanhar a partida entre os países irmãos em telões distribuídos na praça Kaiserplatz.
Tathiana Felix, 27, e Paula Venda, 25, são colegas de trabalho em Bonn desde 2006. Uma é brasileira, a outra, portuguesa. Além do idioma, depois de quatro anos, uma amizade une as duas, o que tornou o último jogo desta primeira rodada da Copa mais complicado.
"Hoje é muito difícil torcer contra o Brasil, porque somos grandes amigas. Mas espero que o Portugal tenha uma boa performance e o Brasil se saia menos bem", declarou Paula antes da partida. Se Portugal não for campeão do Mundial 2010, a portuguesa aposta no Brasil ou na Alemanha.
Com a bandeira portuguesa enrolada no corpo, o estudante Sérgio Caldeira, 22 anos, também previa o jogo como um encontro amigável, pois Portugal já estava praticamente classificado para a próxima etapa. O jovem nasceu na Alemanha, mas fala português fluentemente. "O Brasil é como se fosse nosso irmão, por isso está tudo bem", disse com sotaque lusitano.
Brasileiro por tabela
De longe, parecia um casal de brasileiros. Ela vestia a bandeira; ele, a camisa oficial verde-amarela. O primeiro palpite estava certo, mas o segundo chute passou longe do gol. Há um ano, Lígia Marques, brasileira, 25, e Rik van Boxtel, holandês,29, se encontraram em Colônia. Apaixonaram-se e estão juntos desde então.
Quando se conheceram, Rik já falava o alemão fluentemente; Lígia não sabia uma palavra. Agora, ela já se vira bem no idioma e Rik até arrisca alguma coisa em português. "Ele tem que ser pelo menos um pouquinho brasileiro para estarmos juntos", disse a brasileira que fez o namorado vestir a camisa da seleção canarinha.
Rik torce pelo Brasil, mas só até certo ponto. "Sou a favor do Brasil até que Holanda e Brasil de enfrentem. Se isso acontecer, não sei como seguirá nosso relacionamento", brinca o holandês. Para ele, a Holanda vai levar a taça, "é claro".
Filho de peixe
Não é preciso nascer em um país ou falar a sua língua para se sentir pertencente a uma nação. Pelo menos não quando se trata de futebol. Nesta tarde em Bonn, Patrícia Fernandes era uma das mais caracterizadas com as cores lusitanas – com camiseta, bandeira e lenço na cabeça. A filha de alemã com português sempre viveu na Alemanha, mas aos 32 anos seu coração ainda bate mais forte por Portugal.
"Digamos que me sinto mais portuguesa do que alemã. Sempre torço por Portugal", disse Patrícia, que já apostava em empate antes do fim do jogo. "Os dois times jogam muito parecido."
Do lado verde-amarelo, o nacionalismo também ultrapassa as fronteiras. Alessandro Batista, 16, vive na Alemanha desde os quatro anos. Do pai alemão o garoto herdou o idioma em que se expressa melhor e, da mãe brasileira, a paixão pelo futebol. Mas, na hora de torcer, Alessandro fica dividido.
"Torço para o Brasil e para a Alemanha. Quero que os dois cheguem à final e que daí o Brasil ganhe", disse ao lado do amigo com quem acompanhou a partida – Romão Ferreira, filho de portugueses e nascido na Alemanha.
Alessandro se decepcionou com o jogo por sentir falta do futebol bonito pelo qual o Brasil é conhecido. Já Romão disse que o importante é Portugal ter se classificado e que, após o jogo, ele e Alessandro continuam amigos.
Autor: Luisa Frey
Revisão: Roselaine Wandscheer