Brasileiros que deixaram Wuhan chegam a Goiás
9 de fevereiro de 2020O grupo de brasileiros e familiares chineses que deixou a cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus, chegou neste domingo (09/02) à base aérea de Anápolis, em Goiás. Eles ficarão em quarentena por 18 dias num hotel de trânsito dentro da base aérea.
Os brasileiros repatriados viajaram da China ao país em dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), que pousaram na instalação militar pouco depois das 6h deste domingo (hora local).
Autoridades brasileiras informaram que as aeronaves trouxeram 34 passageiros, sendo 30 brasileiros e quatro chineses casados com brasileiros. Entre eles, havia sete crianças com idades entre 2 e 12 anos. Uma equipe de apoio com 24 membros, incluindo médicos, diplomatas, jornalistas e tripulação, também estava a bordo.
Segundo o Ministério da Defesa, todos os 34 repatriados estão bem de saúde e não apresentam sintomas de contaminação pelo vírus. Ainda assim, permanecerão em observação na base aérea para que seja descartada qualquer possibilidade de infecção.
"Eles seguem agora para os seus apartamentos, onde a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás irá fazer os exames. Depois, eles vão entrar na rotina diária de quarentena, quando três vezes ao dia farão uma consulta com os médicos", afirmou o general Manoel Pafiadache, secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa.
O hotel de trânsito na base aérea de Anápolis foi preparado especialmente para essa operação, batizada de Operação Regresso. Todos ficarão em apartamentos individuais. Apenas poderão ficar no mesmo quarto os pais ou mães de crianças menores. Visitas estão proibidas.
Sobre os integrantes da equipe de apoio e tripulantes dos dois aviões, o Ministério da Saúde havia informado que avaliaria um a um para verificar se há necessidade de isolamento. A Agência Brasil afirma, por outro lado, que o grupo também cumprirá período de quarentena.
Neste domingo, os passageiros chegaram à base aérea usando máscaras cirúrgicas e, ao desembarcar, foram encaminhados a um ônibus orientados por uma equipe que vestia macacões amarelos no solo. Cerca de 50 militares aguardavam a chegada dos repatriados na pista.
A viagem de Wuhan a Anapólis durou um total de 37 horas. Os aviões da FAB, com capacidade para 30 pessoas cada e pouca autonomia de voo, partiram da cidade chinesa na sexta-feira.
Antes de chegar ao Brasil, fizeram paradas em Ürümqi, na China, Varsóvia, na Polônia, e Las Palmas, na Espanha. Seis cidadãos estrangeiros que receberam autorização do governo federal para embarcar nos voos desceram na Polônia, sendo quatro poloneses, um indiano e um chinês.
Antes de Anápolis, as aeronaves ainda pararam em Fortaleza para uma última escala de reabastecimento. Segundo a imprensa brasileira, assim que os aviões adentraram o espaço aéreo do país, por volta da meia-noite, um áudio do presidente Jair Bolsonaro foi transmitido dentro das aeronaves para desejar boas-vindas aos passageiros.
"Bem-vindos de volta ao seu país, o nosso Brasil. Ninguém ficou para trás. Somos um só povo, uma só raça, somos irmãos. As nossas Forças Armadas, os ministérios das Relações Exteriores e da Saúde, a Câmara e o Senado, bem como a Anvisa, trabalharam incessantemente para que essa missão fosse coroada de sucesso", afirmava o presidente na gravação.
Inicialmente, porém, Bolsonaro havia rejeitado uma possível repatriação de brasileiros, nos moldes das operações implementadas por outros países, e também descartado o envio de aviões da Força Aérea à China. O Planalto só mudou de posição após um vídeo gravado por brasileiros em Wuhan, apelando ao presidente por auxílio na retirada de cidadãos.
Durante a semana, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei estabelecendo medidas para o combate ao novo coronavírus, bem como as regras para a repatriação de brasileiros em Wuhan. O texto foi aprovado em regime de urgência na Câmara e no Senado.
Entre as medidas previstas na lei estão o isolamento de pessoas infectadas para evitar a propagação do vírus e a quarentena para casos suspeitos. Ela estabelece ainda a realização compulsória de exames, tratamentos médicos e vacinação, além do direito ao tratamento gratuito.
O novo coronavírus chinês já infectou mais de 37 mil pessoas e matou 811 na China continental, além de outros dois pacientes nas Filipinas e Hong Kong. O número supera o total de mortes relacionadas à epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), também causada por um coronavírus, que matou 774 pessoas entre 2002 e 2003 em vários países.
O Brasil investiga atualmente oito casos suspeitos, sendo três no Rio Grande do Sul, dois em São Paulo, um em Minas Gerais, um no Rio de Janeiro e um em Santa Catarina. Outros 28 casos suspeitos foram descartados. Nenhuma infecção foi confirmada no país.
EK/abr/ots
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