Bruno Barreto e Hélio Oiticica são os destaques brasileiros na Berlinale
7 de fevereiro de 2013O Brasil tem uma participação pequena na seleção oficial do Festival de Cinema de Berlim deste ano, cuja programação se volta para filmes questionadores e focados em problemas sociais da atualidade.
No entanto, com uma produção que gira em torno de cem filmes por ano, o Brasil tem grande representação em eventos paralelos voltados para o mercado, como o European Film Market.
O jovem cinema nacional está representado pelos curtas selecionados para a mostra Generation e pelos profissionais que participam do Talent Campus, uma série de encontros e palestras que incentivam o intercâmbio entre novos talentos e consagrados nomes da indústria.
Flores cariocas
Selecionado para a mostra Panorama, o cineasta Bruno Barreto volta ao passado em seu mais recente filme, Flores raras, que tem estreia internacional no festival. Nos anos 1950, a poetisa americana Elizabeth Bishop, vivida pela australiana Miranda Otto, de O senhor dos anéis, vai ao Rio de Janeiro atrás de inspiração. Na cidade, ela se apaixona pela arquiteta Lota de Macedo Soares.
No filme, Glória Pires vive Lota, a idealizadora do aterro do Flamengo. Em sua maior parte, o filme é falado em inglês, já que as duas se comunicavam no idioma materno da poetisa. Flores raras também mostra a relação entre a arquiteta e Carlos Lacerda, o então governador do estado da Guanabara.
Oiticica expandido
O grande destaque brasileiro da mostra Forum é o documentário Hélio Oiticica, dirigido por César Oiticica Filho, sobrinho do artista. Para contar a história de um dos maiores artistas brasileiros do século 20, o diretor fez uso de uma extensa pesquisa de imagens e áudios, possibilitando ao próprio artista falar, de maneira não usual, sobre seu trabalho e sua vida.
O trabalho de Hélio Oiticica também é um destaque da Forum Expanded, série de palestras, discussões e exposições relacionada a filmes e temas presentes na mostra berlinense. Os experimentalismos da série Cosmococa, de Oiticica, serão exibidos no museu Hamburger Banhof e na piscina Liquidrom, seguindo a concepção original.
Brasil no mercado internacional
A Cinema do Brasil, cooperativa de produtoras que promove a distribuição e exportação de filmes brasileiros, volta a participar do European Film Market. O evento faz parte da programação oficial da Berlinale e reuniu no ano passado 403 distribuidores de cem países. Eles promoveram mais de mil sessões para compradores de todo o mundo.
Apesar dos poucos filmes selecionados para o festival deste ano, a Cinema do Brasil promoverá sessões destinadas a distribuidores e agentes. Serão exibidos filmes como A coleção invisível, de Bernard Attal, e Super nada, de Rubens Rewald e Rossana Foglia. Algumas distribuidoras internacionais também mostrarão filmes brasileiros no mercado. É o caso de Era uma vez Verônica, de Marcelo Gomes, da francesa Urban Distribution.
Dentro do Co-Production Market, a produtora Bossa Nova faz parte do Company Maching, encontro que reúne e incentiva o intercambio de empresas com experiência no mercado internacional. Já Campo Grande, de Sandra Kogut, foi selecionado como um dos projetos a serem apresentados em busca de parcerias e coproduções.
Curtas jovens
O jovem curta-metragem brasileiro brilha na mostra Generation, dedicada às produções feitas para crianças (Kplus) e adolescentes (14plus). Com uma grande variedade de linguagens e nacionalidades em seus programas, as mostras buscam retratar o contraste e criar identificação entre crianças e jovens em diferentes culturas. Três curtas-metragens brasileiros vão se juntar ao melhor da produção mundial do gênero.
O mais surpreendente talvez seja O caminhão do meu pai, de Mauricio Osaki, por se tratar da primeira coprodução entre Brasil e Vietnã. A animação Destimação mostra a relação de um casal que só vê televisão com seu papagaio.
O Pacote, de Rafael Aidar, fala como um segredo pode atrapalhar o amor de dois jovens na periferia de São Paulo. Com personagens homossexuais, o filme também concorre ao Teddy Awards, que premia os filmes com temática gay na Berlinale.
Autor: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler