Bush diminui tensão com Alemanha
3 de outubro de 2002"A América festeja com a Alemanha esta data importante", escreveu o presidente americano em sua carta ao colega alemão, na qual destaca "as longas e boas relações entre os Estados Unidos e a Alemanha". Bush não fez uma única menção às desavenças entre Berlim e Washington geradas pela rejeição total do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, a uma intervenção militar no Iraque, acusado de possuir armas químicas e biológicas de destruição em massa.
As relações teuto-americanos não seriam só no âmbito político, segundo Bush diz em sua carta: "Nas últimas cinco décadas, milhões de americanos visitaram ou viveram na Alemanha como soldados, estudantes ou homens de negócios. Sua amizade com os alemães e suas lembranças formam uma base firme para resistir novos desafios".
Para alegria dos dirigentes alemães, que rejeitam a linha dura de Washington contra o Iraque mas desejam manter as boas relações teuto-americanas, o presidente Bush destacou os valores e metas comuns dos dois povos: para alemães e americanos o fim do comunismo e da queda do Muro de Berlim "foi um grande êxito". Sua carta chegou em Berlim na quarta-feira a noite. Neste momento, o chefe de governo Schröder, confirmava, em Paris, a sua posição contra uma intervenção militar no Iraque, num encontro com o presidente da França, Jacques Chirac.
Sinal de reconciliação
A carta de Bush tão esperada em Berlim foi avaliada pelo lado alemão como um sinal de reconciliação. Mensagens de congratulações de chefes de Estado e de governo pelo Dia da Unidade Alemã é uma tradição, mas o tom surpreendentemente amigável e moderado de Bush gerou um bem-estar muito especial, pois ele vinha guardando silêncio total. O presidente americano nem sequer parabenizou Schröder pela vitória na eleição parlamentar de 22 de setembro.
Amuado, o secretário da Defesa americana, Donald Rumsfeld, evitou um encontro com o seu colega alemão, Peter Struck, na última conferência da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Na ocasião, Rumsfeld disse que "a atmosfera entre EUA e Alemanha está envenenada".
Para o coordenador das relações teuto-americanas no Ministério das Relações Exteriores em Berlim, Karsten Voigt, a carta de Bush mostra que os americanos continuam considerando a Alemanha como um aliado. Por isso, as divergências não deveriam ser superestimadas.
Clinton é convidado de honra
Em seu discurso no principal ato de comemoração dos 12 anos da reunificação da Alemanha, em Berlim, o presidente alemão, Johannes Rau, destacou a importância especial dos Estados Unidos para a recente história alemã. Na presença do antecessor de Bush, Bill Clinton, como convidado de honra, será reinaugurado o Portal de Brandemburgo, na noite desta quinta-feira (3), depois de uma restauração que durou dois anos.
O democrata Clinton levará a seguinte mensagem do ministro alemão da Defesa: os americanos sabem que podem confiar na Alemanha. Mas valores e interesses comuns não levam, automaticamente, a respostas idênticas para questões políticas.