1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cabeleireira norueguesa julgada por discriminação religiosa

8 de setembro de 2016

Merete Hodne pode ser condenada a seis meses de prisão por ter expulsado uma cliente que trajava um véu islâmico. Ela alega que não vê o hijab como símbolo religioso, mas como uma ferramenta de ideologias totalitárias.

https://p.dw.com/p/1JyjT
Mulheres muçulmanas usando o véu islâmico
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg

Uma cabeleireira foi a julgamento na Noruega, nesta quinta-feira (08/09), por ter se recusado a atender uma cliente que trajava um hijab. Este é o primeiro caso sobre o véu islâmico que cobre cabeça e pescoço a ir a um tribunal no país.

Merete Hodne pode ser condenada a até seis meses de prisão por discriminação religiosa por ter expulsado Malika Bayan de seu salão de cabeleireiro em Bryne, uma pequena cidade no sudoeste da Noruega. O incidente ocorreu em outubro do ano passado.

Segundo a acusação, Hodne disse a Bayan que "ela teria de procurar outro lugar, pois não aceita [clientes] como ela". No tribunal, a cabeleireira de 47 anos disse que vê o hijab como um símbolo político que representa uma ideologia que a assusta, e não como um símbolo religioso.

"Eu vejo isso como um símbolo totalitário. Quando vejo um hijab, não penso em religião, mas em ideologias totalitárias e regimes", disse Hodne aos juízes, segundo o diário norueguês Verdens Gang. "Um hijab não é religioso, é política."

Descrita pela mídia norueguesa como uma ex-ativista em movimentos islamofóbicos, Hodne recentemente disse ao canal de notícias TV2 que o véu islâmico é um símbolo de "ideologia islâmica" – que ela chamou de "satânica, assim como é a suástica do nazismo".

Hodne afirmou que aceitar uma mulher usando hijab como cliente significaria que ela teria de abrir mão de seus clientes do sexo masculino, uma vez que a mulher muçulmana não poderia expor seu cabelo com homens presentes.

A cabeleireira se recusou a pagar uma multa de oito mil coroas norueguesas (cerca de 870 euros) por discriminação religiosa e, portanto, o caso foi parar no tribunal distrital de Jaeren. Embora Hodne tenha reconhecido que poderia ter pedido a saída de Bayan, de 24 anos, de forma mais cortês, ela negou a acusação de discriminação religiosa.

"Eu conheci racismo e discriminação antes disso, com olhares e coisas assim. Mas eu nunca tive isso jogado na minha cara tão claramente", afirmou Bayan no tribunal, segundo a agência dinamarquesa de notícias NTB. "Doeu-me de várias maneiras. Senti-me pequena, estúpida, não integrada, com dor. Não consegui entender por que um lenço na minha cabeça poderia provocar isso", concluiu.

A polícia pediu ao tribunal que aumente a multa para 9.600 coroas norueguesas e, na falta de pagamento, que determine uma sentença de prisão de 19 dias. O veredicto será anunciado na próxima segunda-feira.

PV/afp/ots