Cabo Verde une forças para enviar seleção a torneio africano de futebol
28 de dezembro de 2012O Campeonato Africano das Nações (CAN) de 2013, que transcorre entre 19 de janeiro e 10 de fevereiro na África do Sul, tem um estreante. Os "tubarões azuis", apelido da seleção da República de Cabo Verde, conseguiram uma vaga depois de eliminar, em outubro passado, os "leões indomáveis" do time de Camarões, historicamente uma das melhores equipes do continente.
"Creio que este feito une todos os cabo-verdianos, e vamos agora saborear esta deliciosa classificação", afirmou Jorge Fonseca, presidente do pequeno país insular de língua portuguesa. "Esta é a nossa primeira participação, é tudo novo para nós", acrescentou Lúcio Antunes, o treinador da equipe.
Adversário antes da estreia
Contudo, os recursos financeiros do pequeno arquipélago da costa oeste da África são limitados. Pela classificação histórica, cada jogador recebeu 200 mil escudos cabo-verdianos, equivalentes a cerca de 1.800 euros. O valor é baixo, se comparado, por exemplo, ao futebol alemão: a Federação Alemã de Futebol (DFB) pagou 100 mil euros a cada jogador como bônus pela classificação nas semifinais da Eurocopa 2012.
Assim, além de ter que se preparar tecnicamente para um bom desempenho na competição, o time já tem um adversário antes mesmo de chegar à África do Sul: seus problemas financeiros. Como a ajuda do governo para financiar os custos da viagem não basta, a Federação Cabo-Verdiana de Futebol lançou uma campanha para mobilizar a população e angariar fundos para o time.
O destaque da campanha intitulada "Operação CAN 2013" foi um concerto beneficente na capital do país, a Cidade da Praia, no início de dezembro. "Esperamos que todos os cabo-verdianos contribuam para o financiamento da nossa preparação e participação no CAN", disse Mário Semedo, presidente da Federação Cabo-Verdiana de Futebol. O serviço de correios do país também lançou uma série de selos comemorativos para ajudar o time, e 10% da receita vai para os gastos da equipe com a viagem.
Motivos para ser otimista
No grupo A do CAN 2013, juntamente com a anfitriã África do Sul e o Marrocos, Cabo Verde terá o primeiro confronto com a seleção angolana de futebol, conhecida como os "palancas negras". Semedo afirma que os tubarões azuis já conhecem bem os adversários, e disse estar confiante. "Uma seleção que elimina uma equipe como Camarões pode ser otimista na disputa com qualquer outra seleção da África."
Motivos para ser otimista não faltam aos cabo-verdianos. Pelo ranking da Fifa divulgado em novembro, a seleção de Cabo Verde é até mesmo uma das favoritas do grupo. O país ocupa a 63ª posição, à frente de times tradicionais, como Áustria e Escócia, e também de seus três adversários na primeira fase do campeonato africano: Marrocos, África do Sul e Angola. Além disso, a maioria dos jogadores cabo-verdianos atua no futebol português.
A imprensa de Cabo Verde credita a inesperada força dos tubarões azuis a Semedo, que profissionalizou a federação de futebol do país, e especialmente ao técnico Lúcio Antunes. Ele é comparado a treinadores renomados, como o português José Mourinho e o brasileiro Luiz Felipe Scolari. Mas Antunes rejeita as comparações: "São dois treinadores que estão em outro nível, com outros currículos. Quem me dera ser um Mourinho ou um Scolari".
Na fase de preparação para o CAN, o cabo-verdiano passou uma semana com Mourinho, treinador do Real Madrid. Em entrevista a uma rádio de Cabo Verde, Mourinho elogiou o técnico africano: "Antunes é um treinador inteligente, com ideias próprias, com método, organização e ambição. É um técnico muito bom".
Antunes está confiante no desempenho da seleção. "O nosso sonho é chegar às quartas de final. E quem sabe, às semifinais”, revela o treinador do tubarões azuis.
Autores: Johannes Beck / Fernanda Azzolini
Revisão: Augusto Valente