Futebol em números
10 de junho de 2008Chegou a era do jogo de futebol absolutamente transparente. Mal o árbitro deu o apito final do jogo da Alemanha contra a Polônia, por exemplo, o torcedor que tinha acompanhado a partida pela televisão ficou sabendo que 83% dos passes tinham partido de Michael Ballack e 82%, de Torsten Frings.
"Logo dá para concluir que, se no meio-campo tantos passes vieram de uma direção, isso poderá ter sido uma das razões do sucesso, além da atuação de Lukas Podolski", afirma Lukas Warten, da Uefa. Warten é um dos responsáveis pelo cômputo, avaliação e divulgação de dados estatísticos sobre os jogos coletados nos estádios.
A demanda por esse tipo de informação é grande. "Acreditamos que os técnicos fazem muito uso deste serviço. E é claro que ele é ideal para os jornalistas na tribuna da imprensa, que já podem ficar sabendo durante o intervalo, por exemplo, que Lukas Podolski já correu seis quilômetros pelo campo e que por isso poderá estar cansado no segundo tempo", avalia Warten.
Complexo sistema de informação
Os dados são fornecidos por um complexo sistema de informação. Ao todo há 16 câmeras que rastreiam o campo e registram todos os movimentos numa espécie de retícula. Ninguém mais pode se esconder. O atacante folgado é coisa do passado: na Liga dos Campeões, por exemplo, já faz tempo que o rastreamento se tornou padrão.
No futebol internacional, existe mesmo uma forte concorrência entre diferentes provedores. Mas, na Euro 2008, a Uefa goza de privilégios de anfitriã: nenhuma câmera estranha tem permissão de operar nos estádios.
O sistema permite determinar com precisão a localização de cada movimento dentro do gramado. Fica-se sabendo não apenas quanto Lukas Podolski correu, como também exatamente o que ele fez no campo, mesmo quando a bola estava em outro lugar bem diferente.
Os dados podem ser de grande utilidade na análise das partidas. Há toda uma equipe a serviço da Uefa, encarregada da avaliação das informações coletadas. O técnico da seleção alemã, Joachim Löw, tem sempre à mão informações desse tipo nos encontros com a equipe.
Relevância questionada
Nem todos os dados coletados e analisados têm relevância. Quantas vezes o goleiro da equipe adversária puxou as meias para cima duante os 90 minutos é o tipo de informação que provavelmente não interessa a ninguém.
Há também quem critique o sistema de rastreamento. Otto Rehagel, o técnico da Grécia, não manifesta o menor entusiasmo por essa "parafernália modernosa". E, afinal, em 2004 ele se tornou campeão europeu sem o sistema de rastreamento eletrônico do campo.