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"Caixa-preta não responde a todas as perguntas"

Nils Naumann (ca)25 de março de 2015

Investigação do voo 4U-9525 se centra em desvendar silêncio do piloto durante os dez minutos que antecederam queda. Gravações da cabine ajudam, mas podem não ser determinantes para esclarecer tragédia, diz especialista.

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A caixa-preta do Airbus A320, encontrada nos Alpes franceses parcialmente destruída
Foto: Reuters/BEA

A investigação do desastre do voo 4U-9525, da Germanwings, se centra em desvendar por que piloto e copiloto não responderam a chamadas dos controladores durante os oito minutos em que a aeronave perdeu gradativamente altitude, até se chocar contra uma montanha nos Alpes franceses.

O primeiro passo é inspecionar as gravações das caixas-pretas. Isso, porém, não significa decifrar exatamente o que aconteceu com o Airbus da companhia alemã, afirma Jens Friedemann, perito do Escritório Alemão para a Investigação de Acidentes Aéreos (BFU).

Segundo ele, há três elementos básicos que devem ser investigados: histórico dos ocupantes do avião, situação dos destroços e condições do entorno, como clima e espaço aéreo.

DW: O que é exatamente investigado após acidentes aéreos?

Jens Friedemann: Na investigação dos destroços no local do acidente, trata-se de constatar como o avião caiu: se ele estava inteiro ou perdeu partes durante o voo; com que inclinação longitudinal ou transversal; se os motores estavam funcionando e outras informações. A partir da posição dos destroços, podem surgir indícios que indicam se o avião se partiu em grande altitude. Além disso, testemunhas são entrevistadas.

Longe do local do acidente são obtidas informações que o sistema de radar coletou: dados de altitude, trajetória de voo ou velocidade. A comunicação por rádio também é verificada.

A bordo do avião há diferentes armazenadores de dados. Há a caixa-preta, que armazena os parâmetros técnicos: o número de rotações do motor, o volume de fluxo de combustível, velocidades – são muitas centenas de parâmetros armazenados. E há também o gravador de voz da cabine dos pilotos. Existem ainda outros aparelhos de registro de dados, que não são à prova de impacto. Eles também podem conter dados, mas pode ser que eles tenham sido destruídos.

Qual a dificuldade de se encontrar uma caixa-preta?

Elas possuem uma determinada cor que ajuda a encontrá-las. Quando se sabe o que se está procurando e onde elas estão instaladas, então fica fácil encontrar. Elas são firmemente embutidas e não costumam se desprender sozinhas.

Qual a importância de uma caixa-preta na elucidação da causa de um acidente?

Não é apenas achando a caixa-preta que todas as perguntas estão respondidas. Uma parte fundamental provém dela, mas, de forma alguma, tudo. Em termos simples, existem três áreas de investigação: primeiramente, tudo o que está relacionado aos ocupantes do avião, principalmente aos pilotos. Que experiência eles tinham? Que treinamentos tiveram? Quantas horas tinham de voo?

A segunda parte se refere aos destroços, fragmentos suspeitos, avarias, mas também ao histórico de manutenção de determinados sistemas. A terceira área está nos fatores do entorno, condições do tempo, características do controle de tráfego aéreo e do espaço aéreo. Trata-se da interação entre essas áreas.