Caminho para o euro é longo e difícil
8 de dezembro de 2002Os novatos do Leste Europeu na UE devem ser aceitos pela União Monetária o mais rápido possível, pois a moeda comum européia oferece muitas vantagens a esses países, segundo o economista do banco alemão Deutsche Bank, Werner Becker. Entre as vantagens, ele citou juros baixos, moeda mais estável e câmbio mais firme em relação aos parceiros da Eurolândia, de onde fluem muitos investimentos diretos.
Sem riscos monetários, as empresas poderiam planejar e atuar melhor nesses países. De forma que o euro proporcionaria mais crescimento econômico, acredita o economista alemão.
Mas há também argumentos contra um ingresso rápido dos novatos da UE na União Monetária. O processo de recuperação econômica dos países do Leste Europeu poderia ser prejudicado, adverte o diretor do Banco Central Alemão (Deutsche Bundesbank), Hermann Rempsberger.
Perigo em vista
Rempsberger esclarece o motivo de sua advertência: em tais processos de recuperação as taxas de inflação são mais altas do que nas economias que crescem lentamente. Até agora, os países conseguiram compensar suas inflações altas com desvalorização da moeda. Mas isso não seria mais possível depois de sua adesão ao euro. A conseqüência seria uma perda de competitividade, segundo o economista. Werner Becker também vê esse perigo:
"É importante que os novatos da UE façam as reformas mais importantes de preços, antes de aderirem à União Monetária. A maioria dos países já fez isso nesse meio tempo, a fim de flexibilizar suas economias e adiantar-se no processo de adaptação, mesmo sem uma política monetária e câmbio próprio como instrumento de adaptação".
Critérios de Maastricht
Para adotar o euro, cada candidato terá primeiramente de atender às condições do Acordo de Maastricht. São eles: taxa de inflação anual de no máximo 1,5% acima da dos três países mais estáveis da Eurolândia; taxas de juros de longo prazo de no máximo dois pontos percentuais maiores do que as desses países; no mínimo dois anos de participação no mecanismo de câmbio europeu, de conformidade com a margem de oscilação fixada para a moeda e sem desvalorização; uma dívida global que não ultrapasse 60% do Produto Interno Bruto (PIB); e um déficit orçamentário de no máximo 3% do PIB.
Orçamento desequilibrado já é motivo de preocupação em alguns países. As finanças estatais pioraram em 2001, principalmente na Hungria, Polônia e República Tcheca. Seus déficits situam-se claramente acima de 3% do PIB.
Imagem disforme
No que diz respeito ao endividamento do Estado, todos os candidatos do antigo bloco comunista estão dentro do limite definido pelo tratado de Maastricht. Mas mesmo neste critério os países apresentam um imagem completamente disforme: enquanto as dívidas da Estônia correspondem a apenas 5% do PIB, as da Hungria equivalem a 53%.
Alguns países estão avançando rumo ao regime comum europeu de câmbio. O da Hungria, por exemplo, oscila dentro da margem de 15% a menos que o valor do euro, que é válida atualmente no mecanismo de câmbio comum europeu. Estônia e Lituânia já têm suas moedas no chamado currency board (placa de moeda corrente) praticamente ligadas ao euro. É quase como se as ex-repúblicas soviéticas já tivessem adotado o euro.
Em alguns países candidatos, ouve-se com freqüência o argumento de que se pode introduzir o euro de maneira unilateral como moeda, sem ser membro oficial da União Monetária Européia. Montenegro já fez isso.
Caminho longo
Mas como os candidatos não querem desperdiçar suas chances com o Banco Central Europeu, eles vão ter que cumprir as regras de Maastricht e este é um caminho longo. Depois que integrar a UE, o país terá que adotar o mecanismo de câmbio europeu e manter estável o curso de sua moeda frente ao euro, numa margem de 15% a mais e 15% a menos, durante dois anos. Isto não é problema para a Estônia e Lituânia. Os dois países têm apenas que consolidar seu currency board atual. Mas será difícil para a Polônia, com o seu câmbio livre e oscilante.