Caos e violência na remoção da "Selva de Calais"
29 de fevereiro de 2016A desocupação do acampamento de refugiados conhecido com a "Selva de Calais", no norte da França, começou nesta segunda-feira (29/02) com confronto entre os moradores e a polícia.
A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de entre 150 e 200 migrantes e ativistas que protestavam, enquanto eram realizados os trabalhos para o desmonte das moradias improvisadas. Alguns barracões foram incendiados e uma pessoa foi presa ao tentar impedir a ação da polícia.
Dezenas de policiais mantinham jornalistas e voluntários afastados do local, que abrigava cerca de 3 mil pessoas.
A prefeita Fabienne Buccio, que ordenou a destruição do acampamento após ordem judicial, disse que a presença da polícia era necessária, uma vez que "extremistas" poderiam influenciar os refugiados para que rejeitassem as moradias ou os ônibus de transporte para centros de acolhimento oferecidos pelo governo.
Grupos de direitos humanos criticaram a medida, afirmando que o número de abrigos oferecidos aos que perderam suas moradias é limitado, apesar das garantias oferecidas pelas autoridades locais.
Acomodações em contêineres, com capacidade para 1,5 mil pessoas, foram construídas nas proximidades da "selva". As autoridades tentam encorajar os migrantes a que peçam asilo na França e aceitem serem transferidos para outras regiões do país, onde poderiam ser acomodados em melhores condições.
O juiz que deu a ordem de evacuação ordenou que diversas estruturas erguidas no local, como igrejas e mesquitas, além de uma escola e de centros de assistência legal e de saúde, fossem mantidas. A desocupação das demais partes da "selva" deverá levar semanas até que seja concluída.
Calais, uma cidade portuária no norte do país, se tornou há mais de duas décadas um ponto de referência para milhares de refugiados que esperam uma oportunidade para partir para o Reino Unido. Centenas de pessoas conseguiram atravessar, se escondendo em caminhões que utilizam o Eurotúnel ou nas balsas que atravessam o Canal da Mancha.
RC/afp/rtr/ap/dpa
#gallerybig#