Capacetes verdes em ação
22 de abril de 2003Rupert Neudeck é conhecido na Alemanha. Fundador do Comitê de Ajuda Humanitária Cap Anamur, o ativista de 63 anos goza de bastante credibilidade no país.
Ao anunciar o surgimento de uma nova organização, Capacetes Verdes, uma alusão aos soldados da tropa de paz da ONU, chamados de capacetes azuis, Neudeck reafirmou mais uma vez sua convicção de que é preciso fazer mais, seguir o desenrolar dos acontecimentos e se adequar às necessidades mais prementes.
Seu desejo é formar um "exército de capacetes verdes", profissionais que dominam ofícios como carpinteiros, marceneiros, eletricistas, pedreiros, e que estejam dispostos a ir como voluntários para zonas de conflito, como Iraque, Afeganistão, Turquia, Chechênia ou Bósnia ajudar na reconstrução de cidades e povoados.
O tempo de permanência em solo estrangeiro é de no mínimo três e no máximo nove meses. Cada grupo de trabalho deverá ser composto por cinco até quinze profissionais. Os primeiros destinos serão os bairros periféricos de Bagdá, povoados e escolas nas redondezas de Srebrenica, na Bósnia, e outros lugarejos nas províncias de Kunduz, Taljhar e Herat, no norte do Afeganistão.
De igual para igual
O trabalho dos voluntários será árduo. Para evitar mal-entendidos e afugentar os que pensam em fazer umas férias em locais exóticos, a organização avisa de antemão que os capacetes verdes receberão apenas uma mesada para as despesas e terão que conviver com o povo local nas mesmas condições. Em outras palavras, irão comer, dormir e trabalhar de igual para igual com as pessoas para as quais estão prestando serviço.
A proposta tem atraído candidatos. Até o momento mais de 100 pessoas esperam fazer parte do "exército" de capacetes verdes. A seleção começa nos próximos dias e levará em conta não apenas o currículo profissional mas o talento para lidar com outros povos e culturas.
Ponte para o diálogo
Além de ajudar na reconstrução de regiões devastadas, os capacetes verdes terão a missão subliminar de aproximar cristãos e muçulmanos. Neudeck e outros ativistas constataram que são poucas as iniciativas práticas para o incremento do diálogo entre as diferentes religiões, apesar das inúmeras palestras e declarações recentes sobre o tema.
Por isso, a organização de ajuda humanitária espera que o desenvolvimento de projetos, como a reconstrução de igrejas de ambas as confissões, sirva para aproximar os praticantes do islamismo e cristianismo.
A iniciativa conta com o apoio de personalidades como o presidente do Parlamento alemão, Wolfgang Thierse, o ministro afegão para a reconstrução, Armin Farhang, e o responsável pela logística e coordenação de projetos no Kosovo e Afeganistão, Josef Grundner, além do príncipe Hassan da Jordânia.