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"Captive" consagra Brillante Mendonza em Berlim

13 de fevereiro de 2012

Com uma magnífica performance de Isabelle Huppert, filme do cineasta filipino desponta como um dos favoritos do festival e mostra que produtores das Filipinas estão entre os mais criativos do cinema da atualidade.

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Foto: Berlinale

Em um resort nas Filipinas, turistas são sequestrados pelo grupo separatista islâmico Abu Sayyaf. Depois de uma longa viagem de barco, eles se refugiam em um hospital. Começa uma guerra com os militares. Eles fogem com os reféns, iniciando uma longa jornada através da floresta.

Baseado em fatos reais ocorridos nas Filipinas em 2001, o cineasta Brillante Mendonza construiu um filme tenso e eletrizante que beira o documentário. "Não é o tipo de filme que estou acostumado a fazer, mas senti que tinha que abordar esses fatos. O mais importante para mim é tratar da natureza humana", declarou o cineasta neste domingo (12/03) em Berlim.

Brillante Mendoza
Brillante Mendoza em BerlimFoto: dapd

A humanidade retratada por Mendonza e sua câmera instigante e perturbadora têm um caráter político e consegue discutir temas como conflitos religiosos e terrorismo de maneira simples e efetiva. Além de tratar de assuntos universais como a morte e a espiritualidade através de pequenos dramas de seus personagens. "Sou responsável por mostrar o que é real", completou Mendonza.

Incrível e extremo

Mendonza já é conhecido no circuito dos festivais desde que seu filme de estreia, O Massagista, venceu Locarno em 2005. Ele conheceu Huppert em 2009 em Cannes, onde levou o prêmio de melhor diretor por Kinatay. O convite para participar de Captive surgiu alguns meses depois, quando ambos se encontraram em São Paulo.

"Ele é um dos poucos cineastas que sabe criar caos e ainda ficar com o total controle", declarou Isabelle Huppert na coletiva de imprensa do festival de Cinema de Berlim. Os métodos usados por Mendonza para fazer o filme não foram convencionais. Para criar uma tensão real, os atores só se conheceram quando as filmagens começaram. Eles não tinham acesso a todo o roteiro e as cenas foram filmadas na ordem em que aparecem no filme. 

Berlinale 2012 Filmstill The Woman in the Septic Tank
Realidade social e humor são característica dos novos filmes filipinosFoto: Berlinale

Tudo isso para criar uma situação real de medo e dificuldade. Um desafio para atores e equipe que deu certo, criando uma bela jornada ao inferno, sem maniqueísmos. "Quando somos colocados em uma situação de extrema dificuldade, nós reagimos e isso ele captou com maestria no filme", completou a atriz francesa.

Onda filipina

Outro destaque filipino do festival é The woman in the septic tank, do diretor Marlon Rivera, que faz parte da mostra Forum. O filme é uma divertida análise do sucesso do cinema do país pelos festivais ao redor do mundo e conta a história de um jovem diretor tentando realizar seu primeiro filme.

Berlinale 2012 Filmstill The Woman in the Septic Tank
Cena de "The Woman in the Septic Tank"Foto: Berlinale

Apresentando algumas sequências do filme dentro do filme, ele brinca com os clichês do tradicional cinema filipino e da nova geração independente, contando a mesma história de pontos de vista diferentes. Seja do rival, que acabou de ganhar o Festival de Veneza; da assistente sonhadora, ou da grande estrela de televisão. Cada um tem sua própria visão do roteiro: realismo asiático, bollywood e telenovela. Uma síntese perfeita para a mistura estética e artística do que o cinema filipino tem levado às telas.

As pequenas reviravoltas e o final realista são uma análise não só do cinema, mas um olhar delicado e contundente nas diferenças sociais do país, que está sendo descoberto pelo mundo pelos olhos de seus cineastas.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Roselaine Wandscheer