Casos de cólera no Iêmen chegam a 500 mil
15 de agosto de 2017Em meio a uma guerra civil, o Iêmen enfrenta uma epidemia de cólera que se alastra rapidamente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira (14/08) que mais de 500 mil casos da doença foram registrados no país desde o início do surto, no final de abril. A infecção já matou quase 2 mil pessoas.
A OMS afirmou que 5 mil pessoas são infectadas diariamente. De acordo com Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitárias (OCHA) das Nações Unidas, mais de 25% dos mortos e 41% dos doentes são crianças.
A epidemia de cólera, atualmente a maior no mundo, conseguiu se espalhar rapidamente devido às precárias condições de higiene e de saúde e à interrupção do fornecimento de água no país, destacou a OMS.
Milhões de pessoas não têm acesso à água potável e o sistema de recolhimento de lixo está inoperante nas grandes cidades. Mais da metade dos hospitais no país está fechada por causa do conflito. A escassez de medicamentos e itens básicos é generalizada.
"Os trabalhadores da saúde operam em condições impossíveis. Milhares de pessoas estão doentes e não há hospitais, medicamentos, e nem água potável suficientes', afirmou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O diretor destacou que mais de 99% das pessoas com suspeita de cólera no país que tiveram acesso aos serviços de saúde sobreviveram. "Para salvar vidas no Iêmen temos que apoiar o sistema de saúde, especialmente os trabalhadores. Pedimos às autoridades iemenitas e a todos na região que ajudem a encontrar uma solução política ao conflito, que já causou muito sofrimento", apelou.
Há três anos, o Iêmen é palco de um conflito, que começou quando os rebeldes houthis, ligados ao Irã, ocuparam Sana e outras províncias. A guerra se acirrou em março de 2015, com a intervenção da coalizão militar, liderada pela Arábia Saudita, a favor das forças leais ao presidente Abd Rabbu Mansour al-Hadi.
O conflito já deixou mais de 8,3 mil mortos desde o início da intervenção saudita. A guerra civil no país pobre com 27 milhões de habitantes dificulta a distribuição de medicamentos e a ajuda humanitária internacional.
CN/efe/lusa/afp