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Causa do acidente aéreo continua sendo uma incógnita

Laís Kalka3 de julho de 2002

Enquanto o resgate dos destroços e corpos prossegue, a investigação da causa do choque entre duas aeronaves concentra-se cada vez mais na análise do procedimento da empresa de controle aéreo e do piloto russo.

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Foto: AP

Polícia e equipes de resgate prosseguem na região do Lago de Constança a busca de destroços do Tupolev 154 e do Boeing 757 que colidiram na noite de segunda-feira (01) e de corpos das vítimas. Até a tarde desta quarta-feira (03), tinham sido resgatados mais da metade dos 71 mortos. O secretário do Interior do estado de Baden-Württemberg, Thomas Schäuble, para quem o resgate das vítimas é a "tarefa mais importante" no momento, espera que a busca possa ser encerrada na quinta-feira.

Só puderam ser identificados por enquanto os dois pilotos do Boeing da empresa de encomendas DHL. Para a identificação das demais vítimas, as equipes de medicina legal vão precisar da colaboração dos familiares, que estão sendo esperados na Alemanha na quinta-feira. Das 69 pessoas a bordo do Tupolev, 52 eram crianças e adolescentes da República de Bashkortostão, integrante da Federação Russa, que estavam a caminho de férias na Espanha.

As caixas pretas e os voice recorders das duas aeronaves foram resgatados e encontram-se a caminho de Braunschweig, para serem analisados pelos especialistas da agência federal encarregada da perícia de acidentes aéreos. Conta-se com pelo menos duas semanas até que possam ser apresentados os resultados da análise.

Por que foi dado tão tarde o alerta ao piloto do Tupolev?
Por que o piloto demorou para reagir?

Essas duas perguntas, que intrigam os peritos e continuam sem respostas, tornaram-se a questão central na investigação da causa do acidente. A comissão de perícia é integrada por especialistas da Alemanha, Suíça, Bahrain, Bashkortostão, bem como dos Estados Unidos e da Rússia, na qualidade de países fabricantes das aeronaves envolvidas.

O maior alvo de suspeitas e críticas até o momento tem sido a empresa suíça de controle aéreo Skyguide, responsável pelo monitoramento dos aviões no momento em que ocorreu o acidente. Um porta-voz da empresa declarou nesta quarta-feira que o equipamento de alerta contra colisão instalado no centro de controle estava desativado em função de uma manutenção, mas garantiu, ao mesmo tempo, que o procedimento não é incomum. A manutenção costuma ser feita à noite, justamente porque o movimento nos ares diminui muito.

Além disso, um segundo controlador de vôo que estava de plantão naquela noite tinha saído para lanchar e não estava a postos. O único controlador que estava monitorando os vôos alertou o piloto do Tupolev apenas 50 segundos antes de acontecer o choque. Essa fração de tempo é considerada por especialistas como muito curta, embora tivesse bastado para uma manobra de evasão, em condições normais. Eles se perguntam por que o controlador esperou tanto para dar o alerta. E, também, por que o piloto do Tupolev só atendeu depois de ser advertido uma segunda vez. Quando ele baixou sua aeronave, o piloto do Boeing também começara a descer, por ter sido advertido por seu sistema de alerta a bordo. Com isso, os dois aviões chocaram-se a 11.300 metros de altitude, uma ocorrência rara na história da aeronáutica.